O Tribunal Distrital de Tel Aviv permitiu uma audiência a portas fechadas para ouvir uma empresa israelense de spyware, o NSO Group, após o apelo da equipe jurídica do ministério para matê-la em segredo, por motivos de segurança nacional.
A Anistia Internacional processou a conhecida empresa de tecnologia, pedindo que Israel imponha restrições e revogue a licença de exportação da empresa de spyware, impedindo-a de vender seu produto controverso no exterior.
A NSO cria software que pode ter sido usado para vigiar jornalistas e dissidentes políticos em todo o mundo.
Segundo o The Times of Israel, a empresa afirmou que vende sua tecnologia a governos aprovados por Israel, para ajudá-los a deter militantes e criminosos. Acredita-se que seus clientes incluam estados do Oriente Médio e da América Latina.
Com base na preocupação de que a tecnologia possa ser usada para fins maliciosos pelos regimes, Gil Naveh, porta-voz da Anistia Internacional em Israel, afirma: “Eles são a arma cibernética mais perigosa que conhecemos e não estão sendo supervisionados adequadamente. Essa é a razão pela qual pensamos que a licença deles deve ser revogada. ”
O apelo para que nenhuma informação sobre o processo pudesse ser divulgada pela imprensa ou por indivíduos particulares, foi submetido pelo procurador do Estado de Israel ao tribunal no domingo,
A juíza do Tribunal Distrital de Tel Aviv, Rachel Barkai, aprovou a ordem de mordaça, que Naveh condenou, acrescentando: “Infelizmente, isso se tornou uma prática quase rotineira em casos relacionados à vigilância, mas as empresas de spyware não devem estar acima do escrutínio público, inclusive quando há evidência de uma ampla disseminação de uso indevido. ”
“As práticas da NSO foram acobertadas globalmente e o público não deve mais ser mantido no escuro. Consideraremos cuidadosamente a decisão do tribunal sobre o caso e as seguintes etapas. ”
Não é o primeiro processo judicial contra o NSO Group. Em outubro, o dono do WhatsApp e do Facebook anunciou que estava processando a empresa no tribunal federal dos EUA, em San Francisco, acusando-a de ajudar espiões do governo a invadir os telefones de alvos individuais em quatro continentes.
Os alvos da suposta onda de hackers incluíram diplomatas, dissidentes políticos, jornalistas e altos funcionários do governo, segundo o jornal israelense Haaretz.
Além disso, o software Pegasus da NSO passou por um exame minucioso nos últimos meses, depois que o produto se revelou cúmplice do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi.