A Arábia Saudita negou todas as acusações de ter hackeado o telefone de Jeff Bezos – fundador, diretor executivo e presidente da multinacional americana Amazon. Em resposta aos relatos que emergiram ontem (21) e expuseram detalhes sobre o suposto crime cibernético, a embaixada de Riad afirmou em sua página do Twitter: “Relatos recentes de mídia que sugerem que o reino está por trás da invasão ao telefone do Sr. Jeff Bezos são absurdos.”
Os sauditas alegam ter “reivindicado uma investigação sobre tais alegações, a fim de que todos os fatos sejam esclarecidos.”
A disputa ameaça inflamar ainda mais as relações conturbadas entre Mohamed Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, e Bezos, bilionário americano que também possui o jornal americano The Washington Post.
Há pouco mais de um ano, o proeminente colunista Jamal Khashoggi, funcionário do Washinton Post, foi assassinado por quinze oficiais sauditas dentro do consulado do reino em Istambul, Turquia. Há evidências bastante contundentes de que o príncipe herdeiro autorizou pessoalmente o atentado. As consequências da morte de Khasoggi demonstraram-se desastrosas para Riad, em particular devido aos danos causados às suas relações com a comunidade empresarial.
Cortejar figuras como Bezos, que está no topo das listas de homens mais ricos do mundo, é fundamental para que Bin Salman mantenha suas capacidades de corresponder às promessas de reforma e modernização da economia saudita.
Apesar das reiteradas negações da Arábia Saudita, é provável que haja evidências suficientes sobre o caso recente para levar a uma investigação oficial, conforme reivindicado pela ONU. Segundo informações, há provas forenses convincentes para concluir que o telefone de Bezos foi provavelmente hackeado com um vídeo infectado enviado por uma conta de Whatsapp pertencente ao príncipe herdeiro.
Para aqueles que observam as ações da monarquia saudita, tais notícias provavelmente não são surpresa alguma. Sob o governo de Bin Salman, a Arábia Saudita assumiu uma série de medidas audaciosas e desesperadas para resguardar seus interesses. Mais do que ninguém, críticos do príncipe herdeiro sentiram efetivamente a plena força de sua onda autoritária.
Trabalhando lado a lado com Israel e Emirados Árabes Unidos, Riad ampliou sua capacidade de vigilância. Khashoggi foi apenas uma das muitas vítimas desta campanha abrangente. O jornalista do Washington Post também teve seu telefone hackeado por sauditas às vésperas de seu assassinato, com tecnologia desenvolvida em Israel.