Nesta quarta-feira (22), Jeff Bezos – presidente da multinacional americana Amazon e proprietário do jornal The Washington Post – compartilhou um tuíte em tributo ao colunista saudita Jamal Khashoggi, logo após relatos indicarem que Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato saudita, foi diretamente responsável por uma invasão cibernética ao telefone do empresário americano. As informações são da Agência Anadolu.
Bezos tuitou simplesmente “#Jamal”, como legenda a uma fotografia de si mesmo durante ato em memória a Khashoggi, assassinado em outubro de 2018 por agentes sauditas dentro do consulado do reino em Istambul, Turquia.
#Jamal pic.twitter.com/8ej1rUBXVb
— Jeff Bezos (@JeffBezos) January 22, 2020
O ataque digital, supostamente ocorrido em maio de 2018, envolveu uma conta do serviço de mensagens Whatsapp pertencida a Mohammad Bin Salman, que resultou em tentativa de roubo de dados ao enviar um vídeo infectado com spyware ao bilionário americano. O caso foi reportado por jornais internacionais como The Guardian, The Financial Times e The Daily Beast.
Investigadores da ONU afirmaram também nesta quarta-feira que as descobertas iniciais sugerem que Bin Salman de fato esteve envolvido no ataque ao telefone de Bezos, a fim de extrair arquivos e desacreditar os relatos sobre Arábia Saudita do jornal The Washington Post, onde trabalhava Khashoggi.
“As informações que recebemos sugerem o possível envolvimento do príncipe herdeiro no caso de vigilância ao Sr. Bezos, em esforço para influenciar, senão silenciar, as reportagens do The Washington Post sobre Arábia Saudita”, afirmou declaração conjunta emitida por Agnes Callamard, relatora especial sobre execuções sumárias e assassinatos extrajudiciais, e David Kaye, relator especial sobre liberdade de expressão, em nome das Nações Unidas.
“O suposto hackeamento contra o telefone do Sr. Bezos, entre outras pessoas, exige investigação imediata pelos Estados Unidos e outras autoridades relevantes, incluindo investigação sobre o envolvimento contínuo, de longa data, pessoal e direto do príncipe herdeiro nos esforços para atingir quem considera oponentes”, reitera a declaração dos investigadores da ONU.
Khashoggi escrevia regularmente como colunista para o The Washington Post, quando foi subitamente assassinato.
Horas após a divulgação do escândalo sobre o hackeamento ao telefone de Bezos, a Embaixada da Arábia Saudita nos Estados Unidos decidiu responder em sua página no Twitter, ao descrever as acusações como “absurdas”.
“Relatos recentes da imprensa que sugerem que o reino está por trás da invasão ao telefone do Sr. Jeff Bezos são absurdos”, afirmou a embaixada. “Exigimos uma investigação sobre tais alegações, a fim de que todos os fatos sejam esclarecidos.”
Oficiais sauditas assumiram a mesma postura após o assassinato de Khashoggi: negação imediata e pedidos por investigações posteriores.
Riad, no entanto, teve de reconhecer que seus próprios agentes de fato assassinaram Khashoggi, mas alega responsabilidade sobre o caso a uma operação de extradição forçada que deu errado e foi executada sem consentimento de Bin Salman. A explicação saudita é contestada veementemente por críticos, que duvidam que qualquer operação do tipo poderia ser conduzida sem conhecimento do governante de fato e príncipe herdeiro.
A Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) determinou com confiança que Bin Salman efetivamente coordenou o assassinato de Jamal Khashoggi.