Nesta sexta-feira (24), o Senador dos Estados Unidos Ron Wyden afirmou que deverá pressionar por uma moção para que o chefe da inteligência americana torne públicas as informações sobre o assassinato de Jamal Khashoggi, colunista para o jornal The Washington Post, caso o governo atual não produza um relatório satisfatório sobre o caso antes de encerrar-se o processo de impeachment do Presidente Donald Trump.
Wyden invocou o poder do Senado de revelar unilateralmente dados da inteligência, a fim de pressionar a gestão de Trump a divulgar um relatório sobre o assassinato de Khashoggi, em outubro de 2018, dentro do consulado saudita em Istambul. Por lei, a divulgação deste documento deveria ter ocorrido na última semana; a inteligência americana, no entanto, não cumpriu o prazo estabelecido pelo Congresso.
O objetivo, afirmou Wyden a repórteres, é “identificar quem ordenou o assassinato, quem foi cúmplice, e o que poderia ser feito para evitá-lo.”
Dificilmente Wyden será capaz de executar a divulgação unilateral dos dados e cumprir com a advertência – ao menos diretamente. Mesmo embora o Senado detenha o poder de revelar informações unilateralmente – autoridade estabelecida na década de 1970 –, tal medida jamais foi executada pelo Comitê de Inteligência, no qual está presente o democrata do Oregon.
Steven Aftergood, da Federação de Cientistas Americanos sobre Segredos de Governo, afirmou que ameaçar o uso da autoridade em questão pode pressionar a administração a encontrar um “meio-termo aceitável – uma versão pública da investigação, um informe confidencial, ou algo do gênero.”
Wyden declarou que busca estabelecer um inquérito público sobre o caso e previu que a pressão a novas ações após a perda do prazo pelo governo americano possam atrair o apoio de alguns senadores republicanos no Comitê de Inteligência. “Não acho que muitos republicanos estão dispostos a carregar as pedras para preservar a confidencialidade neste caso”, alegou Wyden.
A Agência Central de Inteligência (CIA) acredita que Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, ordenou o assassinato de Jamal Khashoggi, fontes relataram à Reuters semanas após a execução. Mesmo uma versão pública da investigação pode ser explosiva, dadas as relações bastante próximas entre Estados Unidos e Arábia Saudita, em particular entre Trump e Bin Salman.
O porta-voz do Comitê de Inteligência do Senado dos Estados Unidos recusou-se a comentar sobre o assunto. O Escritório do Diretor de Inteligência Nacional afirmou por e-mail que sua resposta ao Congresso está “em processo”.
A Embaixada da Arábia Saudita em Washington negou todas as alegações de que Bin Salman esteve envolvido no assassinato de Jamal Khashoggi, mas não respondeu imediatamente para comentar sobre o caso.