O comandante militar Khalifa Haftar, cujas forças têm sede no leste da Líbia, está violando reiteradamente a trégua proposta, logo, não é esperado que respeite o cessar-fogo com o governo reconhecido internacionalmente no país africano, denunciou hoje (26) o Presidente da Turquia Recep Tayyp Erdogan. As informações são da agência de notícias Reuters.
Apesar dos esforços de Turquia e Rússia, Haftar abandonou as conversas sobre um cessar-fogo em Moscou em meados de janeiro e seu bloqueio imposto aos campos petrolíferos líbios ofuscaram a conferência em Berlim realizada na última semana, cujo propósito declarado era estabelecer um acordo para uma trégua permanente.
A facção autoproclamada Exército Nacional da Líbia, sob comando de Haftar, pretende capturar a capital Trípoli, e recebe apoio do Egito, Emirados Árabes Unidos, mercenários russos e outras tropas africanas.
A Turquia, no entanto, apoia o Governo de União Nacional, reconhecido internacionalmente e liderado por Fayez Al-Serraj.
Os confrontos reduziram-se nas últimas semanas, mas voltaram a se intensificar no fim de semana último, em particular na linha de frente ao sul de Trípoli, onde artilharia pôde ser ouvida, conforme relatos de um repórter da Reuters. Mais de 150.000 pessoas foram deslocadas pelos meses de combate.
“Neste ponto, precisamos ver claramente quem é Haftar. Trata-se de um homem que traiu seus superiores já antes”, afirmou Erdogan. “Não é possível esperar misericórdia e compreensão de alguém assim sobre um possível cessar-fogo … Haftar continua a atacar com todos os seus recursos. Entretanto, não será bem-sucedido.”
A Líbia não possui qualquer autoridade central estável desde a deposição do longevo ditador Muammar Gaddafi, por rebeldes apoiados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 2011. Por mais de cinco anos, o país convive com dois governos paralelos rivais, sediados na porção ocidental e oriental do país; as ruas são controladas por milícias armadas.
A Turquia reiterou diversas vezes que Haftar deve escolher uma solução política para o conflito e convocou as potências estrangeiras a pressionar o comandante dissidente a aceitar uma trégua. Além disso, o governo turco enviou conselheiros e instrutores militares à Líbia para auxiliar o Governo de União Nacional a se defender dos ataques de Haftar sobre Trípoli.
O governo turco em Ancara afirmou que se comprometerá com o embargo de armas proposto pelas Nações Unidas sobre a Líbia caso um cessar-fogo seja efetivamente mantido, mas que poderá enviar tropas se necessário.
Em Berlim, potências estrangeiras concordaram em estabelecer um comitê especial composto por cinco oficiais militares de cada lado do confronto para embasar uma eventual trégua, ainda bastante frágil. O comitê deve reunir-se pela primeira vez nesta semana, em Genebra, Suíça.