Forças de segurança iraquianas atiraram gás lacrimogêneo e munição real contra locais de protesto na capital Bagdá e outras cidades no sul do país. A operação repressiva resultou em quatro mortos e dezenas de feridos, segundo fontes médicas e policiais. As informações são da agência de notícias Reuters.
O novo movimento para tentar dar fim à onda de protestos sit-ins – modalidade pacífica que ocupa espaços públicos – e restaurar a suposta ordem nacional ocorreu horas depois do clérigo populista Moqtada Al-Sadr, que possui milhões de seguidores em Bagdá e no sul, declarar que encerraria seu envolvimento nas manifestações contra o governo.
Os apoiadores de Sadr – reforço frequentemente importante às manifestações, ao auxiliar, por exemplo, como proteção direta contra os ataques das forças de segurança e atiradores não-identificados – começaram a retirar-se dos acampamentos sit-ins a partir deste sábado (25), logo após o anúncio do líder religioso.
Mais tarde, confrontos eclodiram quando autoridades tentaram remover barreiras de concreto perto da Praça Tahrir, no centro de Bagdá, onde os manifestantes estão acampados há meses, e em outras localidades, como uma ponte de acesso majoritário que atravessa o Rio Tigre.
Na cidade portuária de Basra, no sul do país, manifestantes começaram a retornar ao principal local de protestos após investida das forças de segurança na noite anterior; então, queimaram pneus e bloquearam a estrada principal, segundo fontes de segurança. Ao menos dezesseis manifestantes foram presos.
Na capital, ao menos uma pessoa foi morta e trinta foram feridas durante confrontos entre a polícia e os manifestantes, perto da Praça Tahrir.
Outras três pessoas morreram, além de catorze feridos, na cidade de Nassirya, também no sul do país, quando forças de segurança realizaram esforço para retomar o controle sobre uma ponte ocupada por manifestantes há dias, conforme informações também corroboradas pelas forças de segurança e profissionais de saúde.
As forças de segurança do Iraque utilizam gás lacrimogêneo e munição real contra manifestantes – na maioria dos casos, pacíficos –, desde 1° de outubro de 2019, quando protestos em massa deflagraram-se na capital Bagdá. Mais de 450 pessoas morreram devido à violência, segundo levantamento da Reuters junto de fontes policiais e médicas.