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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Reunião com Trump resulta em impulso de marketing para principal rival de Netanyahu

Benny Gantz, líder da coalizão Azul e Branco (Kahol Lavan), maior partido da oposição israelense [Facebook]

Uma visita realizada ontem (27) pelo Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu a Washington, a fim de discutir o tão aguardado plano de paz para o Oriente Médio, inesperadamente tornou-se um impulso publicitário para seu principal adversário político.

Benny Gantz, líder do partido de oposição Kahol Lavan (Azul e Branco) também compareceu a uma reunião a portas fechadas com o Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

As duas rodadas eleitorais realizadas em 2019 resultaram em impasse político entre o ex-general Benny Gantz e o atual premiê Benjamin Netanyahu. Israel terá, portanto, de vivenciar sua terceira eleição em período de apenas um ano, em março próximo. Ambos os adversários foram convidados para a cerimônia do anúncio do plano de paz entre Israel e Palestina, tão prometido por Trump, marcada para acontecer nesta terça-feira (28).

Segundo uma fonte oficial americana, Netanyahu desejava impor uma imagem de subordinação pública a Gantz, ao fazê-lo acompanhar o atual líder do governo israelense à Casa Branca. Netanyahu, do partido conservador Likud, está em seu quarto mandato; porém, sofre ameaças políticas à medida que avançam investigações sobre casos de corrupção.

Ainda segundo a fonte, Netanyahu “teria preferido que Gantz estivesse no meio do público”, para representá-lo em contraponto à posição privilegiado do primeiro-ministro, ao lado de Trump durante toda a cerimônia para o anúncio.

Entretanto, Gantz foi à Casa Branca separadamente e encontrou-se com Trump na segunda-feira (27), logo após Netanyahu realizar conversas preparatórias com o presidente americano. Gantz planejava faltar à cerimônia de terça-feira e retornar a Israel, a fim de votar contra uma moção proposta pelo Likud para estabelecer imunidade parlamentar para Netanyahu, diante das acusações.

Netanyahu nega todas as alegações.

Trump pareceu ter concedido a Netanyahu grande impulso midiático e de relações públicas. Estiveram diante das câmeras e conversaram com repórteres, em contraponto à reunião privada com Gantz.

Ainda assim, o líder do partido Azul e Branco (Kahol Lavan), exaltou sua própria imagem em vídeo divulgado ao vivo nas redes sociais ao lado de Trump. “O presidente e o próximo primeiro-ministro. Acostume-se com isso”, compartilhou Yair Lapid, segundo em comando do partido Azul e Branco, em sua página do Twitter, com uma foto de Gantz e Trump apertando as mãos no Salão Oval.

Um oficial da Casa Branca relatou que o encontro de Trump com Gantz foi “bom” e que o presidente gostou de conversar com o ex-general. Gantz caracterizou a reunião como “importante, excepcional, soberba”.

Assessores aparentemente auxiliaram Trump durante a reunião, pois o presidente americano já havia demonstrado não conhecer bem o candidato de oposição israelense. Segundo um oficial americano, Gantz foi descrito a Trump como “herói de guerra, novo na política”.

Trump também era “novo na política” quando eleito presidente em 2016. A apresentação de Gantz feita pela Casa Branca parece ter subjugado, deste modo, os esforços de Netanyahu para representá-lo como um ex-chefe militar visto domesticamente como “esquerdista fraco”, sem qualquer cacife diplomático para lidar com questões majoritárias internacionais.

Netanyahu preferiu não comentar imediatamente sobre a visita de Gantz à Casa Branca. Ao reunir-se com Trump, o primeiro-ministro foi descrito pelo presidente como “um grande amigo meu e um grande amigo de nosso país.”

Contudo, Trump – ao lado de Netanyahu – também referiu-se à disputa com Gantz, ao retratá-los como “dois bons adversários, lutando um contra o outro.”

Yohanan Plesner, presidente do Instituto Democrático de Israel, órgão não-partidário, afirmou que a visita a Washington representou uma oportunidade para os israelenses “verem Netanyahu como estadista, em contraponto a Netanyahu réu”. Na prática, vantagem eleitoral para o partido Likud.

Entretanto, Plesner acrescentou: “Gantz reduziu alguns dos danos em potencial ao também ser convidado para sua própria reunião com o presidente.”

Carecendo da mesma fluência política e no idioma que possui Netanyahu, Gantz preferiu optar por uma imagem de “homem do povo”, presente em Washington. Chegou à capital dos Estados Unidos em voo comercial e negou-se a utilizar a saída privativa do aeroporto. Realizou uma breve corrida no parque nacional de Washington e então vestiu óculos e terno para assumir um estilo mais político e diplomático para sua visita à Casa Branca.

Antes de sair, Gantz concedeu uma declaração oficial às redes de televisão na qual elogiou os esforços de paz de Donald Trump. O candidato ainda reiterou o compromisso do partido Azul e Branco com os esforços diplomáticos de Trump, mesmo após as eleições em Israel.

Por fim, Gantz decidiu incluir em seu discurso um breve ataque a Netanyahu, em hebraico, trecho que não foi registrado pela tradução em inglês, ao declarar: “Netanyahu não pode gerir um país e um julgamento ao mesmo tempo.”

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