Grupos de direitos humanos internacionais condenam ‘plano de paz’ dos Estados Unidos

Ativistas de direitos humanos condenaram a formalização do “plano de anexação” de terras palestinas anunciado pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, ao lado do Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu, em Washington, nesta terça-feira (28). O plano – propagandeado como “acordo do século” – foi apresentado como suposta solução para o conflito entre Israel e Palestina.

Elaborado sem participação dos palestinos e revelado apenas algumas horas após Netanyahu ser oficialmente indiciado por crimes de corrupção, o chamado “plano de paz” anula unilateralmente resoluções previamente aprovadas pela ONU em relação à questão palestina e concede a Israel quase todas as suas demandas.

Em declaração, o grupo de direitos humanos britânico Interpal e outras quinze organizações humanitárias com sede no Reino Unido afirmaram que a proposta americana “deverá levar à anexação formal das terras palestinas, perpetuar a ocupação israelense e negar o direito coletivo dos palestinos à autodeterminação.”

A declaração ainda reitera que “tais consequências somente aprofundarão a pobreza e a polarização.”

O governo do Reino Unido declarou em diversas ocasiões que a anexação de parte da Cisjordânia “seria contrária à lei internacional, além de prejudicial aos esforços de paz, de modo que não pode ser efetuada sem oposição.” As organizações humanitárias aproveitaram os eventos recentes para cobrar então do Reino Unido tal oposição declarada, de modo que demonstre medidas efetivas para defender os direitos fundamentais do povo palestino na arena internacional.

“A comunidade internacional deve parar de recompensar o regime de opressão e dominação de Israel e sua prolongada ocupação e colonização, responsável por incessantes violações graves e prováveis crimes internacionais contra o povo palestino”, afirmou em declaração a organização humanitária Al-Haq, também condenando o plano anunciado.

As organizações conclamam a Autoridade Palestina e todos os líderes relevantes da resistência política palestina a preservarem toda e qualquer oposição a propostas que não sejam fundamentadas na lei internacional. Também reiteram que, caso tais planos sejam executados, os palestinos sofrerão ainda maiores limitações ao seu direito de autodeterminação, à medida que continuarão dependentes da boa vontade israelense para manter a vida cotidiana, sem qualquer direito político ou voz sobre seu próprio destino.

Os palestinos nos territórios ocupados realizaram protestos ainda ontem (28) diante do anúncio do plano de Trump. Manifestações cresceram à medida que os palestinos declararam hoje um “dia de fúria” – expressão que se refere a protestos populares generalizados –, em oposição direta ao acordo americano. Lojas e estabelecimentos palestinos foram fechados em greve.

Os manifestantes palestinos exigem que o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas assuma medidas práticas em oposição à proposta.

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