Nesta terça-feira (4), o chefe do Partido Nacional Umma, Mubarak Al-Fadil Al-Mahdi, aclamou o encontro de Abdel Fattah Al-Burhan – presidente do Conselho Soberano do Sudão, órgão de governo cívico-militar – com o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu, ao descrever a iniciativa como “audaciosa e valente”.
Na segunda-feira (3), Netanyahu e Al-Burhan reuniram-se em Uganda para debater a normalização das relações com Israel e a suspensão das diversas sanções internacionais impostas sobre o Sudão. Segundo o gabinete do primeiro-ministro israelense, a reunião ocorreu a convite do Presidente de Uganda Yoweri Museveni. Fontes militares sudanesas, no entanto, relataram que encontro foi arranjado pelo governo dos Emirados Árabes Unidos.
“O encontro de Al-Burhan com Netanyahu representa um passo audacioso e valente que serve aos interesses do Sudão em levantar as sanções dos Estados Unidos, sobretudo ao remover o nome do Sudão da lista de supostos Estados Patrocinadores do Terrorismo”, relatou Al-Mahdi a repórteres.
Al-Mahdi acrescentou que o encontro “abrirá portas para obter perdão sobre dívidas sudanesas, restaurar relações do Sudão com instituições financeiras internacionais a fim de obter recursos para iniciativas de desenvolvimento econômico, conquistar a paz na região e tomar vantagem das técnicas agrárias israelenses para desenvolver o setor de irrigação e agricultura do Sudão.”
Ao referir-se a seus comentários de 2017 sobre apoiar a normalização com Israel, Al-Mahdi destacou que “muitos países árabes normalizaram as relações com Israel”; o político sudanês alegou que o conflito entre Israel e Palestina efetivamente acabou e que “segue-se apenas negociações internacionais posteriores aos acordos de Oslo”.
Na segunda-feira, o gabinete de imprensa de Netanyahu anunciou o encontro em uma postagem do Twitter, declarando que ambos os líderes nacionais concordaram em “cooperar e normalizar relações entre os dois países [Sudão e Israel]”.
O governo sudanês, por outro lado, afirmou que não foi consultado ou sequer notificado com antecedência sobre o encontro. “O conselho soberano soube sobre a reunião de Al-Burhan e Netanyahu realizada em Uganda através da mídia local”, afirmou Faisal Mohamed Salih, Ministro de Informações do Sudão, ao reiterar que o conselho de governo sudanês aguarda uma resposta de Al-Burhan após retornar ao país.
As relações de Israel com os países árabes estiveram estremecidas por anos após décadas de ocupação israelense sobre a Palestina. Jamais houve quaisquer relações oficiais entre Israel e países árabes, exceto Jordânia e Egito, ambos comprometidos com tratados de paz assinados com Israel.
O encontro também ocorreu em meio à escalada de tensões entre Israel e países árabes e islâmicos, após o anúncio recente do “plano de paz” do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump sobre o Oriente Médio.
O chamado “acordo do século” também foi rejeitado pela Organização das Nações Unidas e outras entidades internacionais. A ONU afirmou que a proposta não tomou como base qualquer diretriz internacional e representa uma série de imposições do presidente americano sobre uma solução de dois estados que não condiz com o consenso internacional. O acordo foi condenado por todas as partes palestinas.