Os Estados Unidos não pedirá a Israel que reconheça o Estado da Palestina como parte do chamado “acordo do século” para o Oriente Médio, anunciado pelo presidente americano Donald Trump em janeiro, afirmou o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu em reunião de seu gabinete, ontem (9).
“Já estamos no processo de mapear o território que, conforme o plano de Trump, será parte do Estado de Israel”, afirmou Netanyahu em evento de campanha de seu partido Likud, no assentamento ilegal de Ma’ale Adunim, Cisjordânia ocupada, na noite de sábado (8), segundo informações do jornal The Times of Israel.
“Isso não levará muito tempo e completaremos essa etapa”, acrescentou Netanyahu, sem conceder maiores detalhes sobre execução ou prazo desta operação.
Em reunião de gabinete ontem, Tzipi Hotovely e Bezalel Smotrich – Ministra de Assuntos da Diáspora, Likud, e Ministro dos Transportes, do Partido Lar Judaico, respectivamente – rejeitaram as intenções do primeiro-ministro de reconhecer um eventual estado palestino, embora não-soberano.
Segundo a rede de notícias Arab48, Smotrich disse a Netanyahu durante a reunião: “Atirar dentro de um carro blindado não lhe concederá mais votos ou aproximará o senhor da posição de primeiro-ministro. Como você mesmo disse, terá de reconhecer um estado palestino caso os palestinos cumpram as condições.”
Bariv Levin, também do Likud, então protestou: “Fizemos tudo que pudemos para não discutir o acordo do século, a fim de não condicionar a imposição da soberania israelense [sobre a Cisjordânia] ao destino do governo.”
Netanyahu respondeu: “Não somos obrigados a assumir uma decisão de governo e aprovar a criação do estado palestino. Os americanos não pedirão por isso.”
A controvérsia ocorreu logo após comentários feitos por David Friedman, Embaixador dos Estados Unidos em Israel. Friedman alegou que o governo americano é contra qualquer anexação imediata e unilateral da Cisjordânia ocupada.
Friedman também afirmou que a “visão de paz [do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump] é fruto de mais de três anos de consultas detalhadas”, entre Trump, Netanyahu e membros de alto escalão de ambos os governos.
O embaixador ainda reiterou: “Como dissemos, a aplicação da lei israelense sobre o território que, segundo o plano, será concedido como parte de Israel está sujeita à conclusão de um processo de mapeamento realizado conjuntamente por um comitê israelo-americano.”
Friedman alertou que “qualquer ação unilateral em antecipação à conclusão deste processo conduzido pelo comitê põe em perigo o plano e o reconhecimento americano.”