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Grécia começa a deportar refugiados a “campos de isolamento”

Barco de refugiados momentos antes de naufragar, em Kalamata, na Grécia, em 15 de junho de 20203 [Guarda Costeira da Grécia/Agência Anadolu]

A Grécia, em cooperação com a Turquia, pretende iniciar a deportação de duzentos refugiados por semana para “campos isolados”, anunciou ontem (11) Notis Mitarachi, Ministro de Migração da Grécia, à imprensa local.

Mitarachi afirmou que seu país começará a estabelecer campos de refugiados isolados nas ilhas gregas do Mar Egeu, a partir de março. A decisão foi tomada após uma série de incidentes violentos, protestos crescentes entre os residentes locais e denúncias da má condição de vida dos refugiados em instalações superpovoadas, no decorrer dos últimos meses.

“No início de março, começaremos a estabelecer um modelo de campos de refugiados isolados em cinco das ilhas gregas no Mar Egeu”, declarou o ministro, reiterando que as obras de construção dos campos deverão estar completas “no fim deste verão”.

“Os campos deverão acomodar até 20.000 refugiados”, observou.

O oficial grego ainda destacou que a entrada e saída de refugiados nos campos será “regulada e limitada”, destacando que os residentes não terão permissão de saída durante a noite.

Estima-se que 74.613 refugiados chegaram na Grécia durante 2019; destes, 10.551 entraram apenas em setembro, segundo dados oficiais do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A Grécia é ponto de passagem para milhares de refugiados que tentam chegar à Europa a partir do território turco. Trata-se do número mais alto de pessoas que chegam ao país desde março de 2016 – ápice da Guerra Civil na Síria –, quando assinou-se um acordo entre as partes para estabelecer regras sobre a transferência de refugiados.

Atualmente, a Grécia abriga aproximadamente 90.000 refugiados em escala nacional – incluindo mais de 5.000 crianças não acompanhadas –, índice superior à soma dos refugiados registrados na Itália, Espanha, Malta e Chipre.

Entretanto, o governo grego é amplamente criticado pelas condições de acolhimento, pois campos de refugiados nas ilhas do Mar Egeu abrigam até seis vezes mais do que sua capacidade demográfica. Estima-se que, de modo bastante comum, trezentas pessoas tenham de compartilhar um único banheiro.

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) caracterizou anteriormente os campos de refugiados nas ilhas do Egeu como os piores centros humanitários do mundo e pressionou reiteradamente pela transferência imediata de seus residentes a regiões mais centrais do continente europeu.

A Grécia anunciou recentemente planos para estabelecer uma barreira flutuante de redes instaladas nos limites da Turquia com o Mar Egeu, a fim de impedir a travessia de pessoas ao território grego.

A Anistia Internacional declarou que a instalação da barreira marítima é “alarmante” e levanta questões graves sobre o plano do governo grego para lidar com pessoas que buscam viver em segurança com tamanha urgência.

Dimitris Vita, ex-Ministro de Migração da Grécia, afirmou recentemente que a barreira é uma “ideia estúpida [que] não impedirá ninguém de realizar a jornada.”

Organizações de direitos humanos tentam consistentemente esclarecer que políticas de imigração mais restritivas de fato não impedem populações em fuga de realizar a jornada; simplesmente as obrigam a assumir rotas mais perigosas.

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