A Rússia decidiu apoiar a realização de uma “cúpula quadripartite” para reunir Turquia, França e Alemanha a fim de discutir a situação na província de Idlib, noroeste da Síria, anunciou o Kremlin neste domingo (23).
“O Presidente da Rússia Vladimir Putin apoia a ideia de reunião de cúpula”, afirmou Dmitry Peskov, porta-voz do governo russo, a jornalistas, destacando que Moscou “ainda está coordenando” possíveis datas para a conferência com os governos envolvidos.
“A reunião de cúpula será realizada após chegarmos a um acordo com os líderes dos governos envolvidos”, reiterou Peskov.
No sábado (22), o Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan anunciou um encontro com os líderes de governo da França, Alemanha e Rússia, a ser realizado em 5 de março, “a fim de discutir a situação em Idlib, onde um avanço recente das forças do governo deslocaram quase um milhão de pessoas.”
“Expressei claramente nossa determinação sobre a questão de Idlib a Putin, ainda ontem”, acrescentou Erdogan. “Em 5 de março, reuniremo-nos com Putin, Emmanuel Macron [Presidente da França] e Angela Merkel [Chanceler da Alemanha], e conversaremos novamente sobre isso.”
A província de Idlib representa um posto forte da oposição síria e grupos armados contrários ao governo de Bashar al-Assad desde a deflagração da guerra civil na Síria, em 2011. Em setembro de 2018, Turquia e Rússia concordaram em estabelecer Idlib como zona de desescalada, onde atos de agressão são proibidos. Contudo, mais de 1.800 civis foram mortos em ataques executados pelo regime sírio desde então.
Como parte do acordo de 2018, a Turquia possui doze postos de observação em Idlib, com o objetivo de impedir avanços ofensivos do governo sírio. Entretanto, segundo relatos, quatro destes postos parecem estar cercados por forças do regime.
A Turquia ameaçou investir contra a ofensiva de Bashar al-Assad, caso as forças do governo não recuem até o fim deste mês.
Cerca de 800.000 pessoas fugiram em direção à fronteira com a Turquia desde dezembro último, quando forças do regime sírio – com apoio aéreo da Rússia – intensificaram seus ataques sobre Idlib.
Grupos de direitos humanos alertaram que mais de 80.000 pessoas estão dormindo ao relento após os bombardeios em Idlib, sob temperaturas congelantes. Segundo o Comitê de Resgate Internacional, ao menos seis crianças morreram devido à exposição ao frio.