governo federal do Egito declarou que o Presidente dos Estados Unidos Donald Trump assegurou a Abdel Fattah el-Sisi, sua contraparte no Egito, que Washington manterá o compromisso em mediar as negociações conduzidas sobre a chamada Represa do Renascimento – obra realizada pela Etiópia no curso do Rio Nilo.
A enorme barragem deverá tornar-se a maior usina de energia hidroelétrica na África quando completa e mostrou-se motivo de tensões entre governo etíope e Egito, desde o início de sua construção, em 2011.
Em 2019, o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos interveio para facilitar as conversas entre Egito, Etiópia e Sudão, países localizados no estuário do Nilo, após apelo de el-Sisi a Trump, seu aliado internacional, para fazê-lo.
Declaração emitida pela presidência do Egito afirmou: “O Presidente Trump reafirmou os esforços contínuos conduzidos pelo governo dos Estados Unidos para coordenar as negociações entre Egito, Etiópia e Sudão, referente a este caso vital, até que o acordo sobre a Represa do Renascimento seja de fato assinado.”
A questão foi discutida por telefonema de Trump a el-Sisi.
Segundo a declaração egípcia, o presidente americano expressou gratidão pela anuência do Egito aos primeiros termos do acordo, decorrentes das rodadas de negociação realizadas em Washington nos últimos meses.
El-Sisi destacou: “O Egito continua a conceder a esta matéria máxima atenção, a fim de defender os interesses do povo egípcio, seus recursos e futuro.”
O presidente egípcio expressou “enorme gratidão ao papel desempenhado pelo governo dos Estados Unidos em patrocinar as negociações tripartites sobre a Represa do Renascimento, assim como a enorme atenção dada pelo Presidente Trump a este assunto.”
Na última semana, o Tesouro dos Estados Unidos emitiu uma declaração anunciando que um acordo fora alcançado, em apelo para que a Etiópia assinasse o tratado “assim que possível”. O governo etíope, ausente na última rodada de negociações, negou o acordo e expressou “decepção” pela declaração americana.
Na terça-feira (3), O Ministro de Relações Exteriores da Etiópia Guido Andargacho anunciou que seu país continuaria a participar das conversas mediadas pelos Estados Unidos, embora tenha protestado contra tentativas de Washington em acelerar o processo e influenciar os resultados.
“Acreditamos que a última declaração americana carece de diplomacia”, afirmou Andargacho.
Entre os três países envolvidos nas negociações, apenas o Egito expressou apoio ao acordo supostamente estabelecido, ao descrevê-lo como “justo e equilibrado”.
A Etiópia acredita que a barragem é necessária para fornecer eletricidade e implementar o potencial de desenvolvimento do país. O Egito, por sua vez, teme que o projeto possa afetar sua parcela de recursos hídricos provenientes do Nilo, o qual fornece 90 por cento da água para consumo e irrigação consumida no país.
Um dos pontos críticos que inibiu os avanços nas negociações refere-se à quantidade de água necessária para preencher o reservatório da barragem, cuja capacidade pode chegar a 74 milhões de metros cúbicos de água.
O governo no Cairo receia que sua contraparte etíope acelere o preenchimento do reservatório, o que reduziria drasticamente o fluxo hídrico no estuário do Nilo.
Os rios Nilo Branco e Nilo Azul – onde se localiza o projeto da represa – encontram-se em Cartum, capital do Sudão, e continuam a fluir em direção norte ao Egito e Mar Mediterrâneo.