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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

O Brasil adota a narrativa de Israel sobre terror, que é tudo menos democrática

Deputado Eduardo Bolsonaro [Foto de arquivo]

O deputado federal brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho do fanático da direita, presidente Jair Bolsonaro, anunciou recentemente que o país passará a designar o Hezbollah como organização terrorista. “Dentro do governo, estamos debatendo maneiras de impedir que grupos terroristas venham ao Brasil”, afirmou Bolsonaro. “Vamos seguir a Argentina, declarando que o Hezbollah é um grupo terrorista.”

Não apenas o Hezbollah está sendo alvo dessa designação. O filho de Bolsonaro também declarou que o governo brasileiro estará “considerando uma postura mais severa com os grupos terroristas Hamas, Al-Qaeda e Boko Haram”. Israel elogiou a decisão do Brasil como parte da luta contra o “terrorismo patrocinado pelo Irã”. Desde que os EUA declararam sua guerra ao terror após 11 de setembro, Israel se apropriou da narrativa e a usou para obter influência diplomática por suas políticas coloniais assassinas, enquanto estrangulava a resistência palestina. Não é de surpreender que o Brasil se junte a outros países que apóiam a narrativa de segurança de Israel, obscurecendo a distinção entre movimentos de resistência legítimos e grupos terroristas. Essa narrativa é tudo menos democrática.

Para os governos israelense e brasileiro de direita, movimentos de resistência como o Hamas e o Hezbollah, por um lado, e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) são terroristas, como Bolsonaro declarou recentemente em um de seus pronunciamentos usuais. Em defesa da suposta narrativa de segurança de Israel, o Brasil empregará uma designação para o Hezbollah e o Hamas que não tem nada a ver com terrorismo e tudo com o modo como o terrorismo de Estado procura deslegitimar a luta anticolonial.

À medida que a democracia se afasta ainda mais de seus princípios, tornando-se um rótulo utilizado pela direita em sua busca por aniquilar a oposição, os movimentos de resistência se tornam ainda mais marginalizados politicamente. Desnecessário dizer que a ação do Brasil vai agradar a disseminação da narrativa dos EUA e Washington de segurança de Israel versus terror. A criminalização dos movimentos de resistência tem como objetivo principal deslegitimar a resistência e, como resultado, alterar a compreensão do que constitui “terrorismo”.

Categorizar o Hamas, o Movimento de Resistência Islâmica da Palestina, ao lado de grupos terroristas como Al-Qaeda e Boko Haram, baseia-se na narrativa EUA-Israelense de tentar minar a influência iraniana na América Latina. Paraguai, Colômbia e Honduras já adotam essa narrativa desde o ano passado. Ignoram o simples fato de que o Hamas nunca conduziu a luta pela liberdade da ocupação israelense além das fronteiras da histórica Palestina.

A onda de direita na região não conduz ao apoio diplomático à Palestina, muito menos à resistência palestina. O Hamas já está ostracizado politicamente, mas o esquema EUA-Israel continuará buscando apoio unânime para a narrativa que permite à extrema-direita definir o terror às custas dos ocupados e oprimidos.

Bolsonaro declarou em várias ocasiões que ele busca um maior alinhamento com os EUA em termos de política. A decisão mais recente atinge o cerne da resistência palestina em um momento em que os palestinos precisam de apoio diplomático devido ao acordo do século de Trump em que o compromisso com dois estados leva a um beco sem saída em termos de oportunidade. Quanto mais os palestinos são obscurecidos do processo político, mais fácil é simplificar, embora erroneamente, a causa palestina como uma questão entre um “estado democrático” e o “terror”. Isso faz parte da estratégia que os EUA e Israel estão adotando, de ter o monopólio de decidir que a definição de terror patrocinado pelo Estado, do tipo praticado por Israel e outros governos de direita, é de alguma forma “democrática”. Isto está longe de ser verdade.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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