Um pacto de três anos entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a Rússia encerrou-se em desentendimento na última sexta-feira (6), após Moscou recusar-se a apoiar cortes ainda maiores na produção de petróleo, assumidos em resposta à crise econômica decorrente do surto global de coronavírus. A OPEP respondeu ao remover todos os limites de sua própria produção. As informações são da agência Reuters.
Preços de petróleo desabaram dez por cento à medida que os efeitos da ruptura revivem receios similares à crise dos preços de 2014, quando Arábia Saudita e Rússia passaram a disputar espaço no mercado com produtores de petróleo de xisto dos Estados Unidos, que jamais participaram de pactos para regular a produção.
A classificação de mercado para petróleo cru Brent perdeu cerca de um terço de seu valor em 2020 e o preço do barril caiu para quase US$ 45, menor índice desde 2017, impondo forte pressão a nações dependentes do petróleo e companhias petrolíferas, conforme a economia global vacila diante do coronavírus, que reduziu drasticamente as atividades empresariais e viagens internacionais.
“A partir de 1° de abril, países da OPEP ou não-membros da OPEP não terão restrições”, declarou a repórteres Alexander Novak, Ministro de Energia da Rússia, após uma maratona de negociações na sede da OPEP em Viena, Áustria.
Ao ser questionado se a Arábia Saudita tinha planos para aumentar a produção, o príncipe Abdulaziz bin Salman – Ministro de Energia da monarquia saudita – respondeu: “Deixarei vocês pensando”.
O fracasso das conversas pode ter implicações ainda mais severas à medida que Arábia Saudita – líder de fato da OPEP – e Rússia passaram a utilizar as negociações sobre o preço de petróleo como artifício para construir uma parceria política cada vez mais ampla, em particular nos últimos anos, após divergências em torno da guerra civil na Síria, na qual efetivamente apoiaram lados opostos.
“A recusa da Rússia em apoiar os cortes emergenciais de fornecimento poderá efetiva e fatalmente prejudicar a habilidade da OPEP+ em operar para regular e estabilizar os preços do petróleo”, afirmou Bob McNally, fundador da Rapidan Energy Group.
“Deverá romper gravemente com a promissora aproximação financeira e política entre Rússia e Arábia Saudita. O resultado será uma volatilidade dos preços de petróleo ainda mais alta e volatilidade geopolítica”, afirmou McNally.