O vice-presidente do Conselho Soberano de Transição do Sudão, Mohamed Hamdan Dagalo, chegou no sábado à capital egípcia, Cairo, para discutir “segurança bilateral e relações econômicas”.
A Agência de Notícias do Sudão (SUNA) informou ontem que Dagalo, conhecido como Hemetti, esteve no Egito em uma visita de dois dias para se encontrar com o presidente Abdel Fattah Al-Sisi, o diretor da inteligência geral do Egito, Abbas Kamel, além de vários outros funcionários. A SUNA acrescentou que Hemetti também estava programado para se reunir com representantes da comunidade sudanesa no Egito.
A visita do presidente sudanês ao Cairo ocorre uma semana depois de uma tentativa fracassada de assassinato do primeiro-ministro do país, Abdullah Hamdok, na capital sudanesa Cartum. Também ocorre após uma visita oficial do chefe de inteligência egípcio, Kamel, a Cartum no dia 9 de março.
De acordo com o embaixador sudanês no Egito, Khaled Ibrahim Al-Sheikh, citado pela SUNA, Hemetti teria informado à comunidade sudanesa que os cidadãos egípcios barrados no país “voltarão para casa depois que as fronteiras e as passagens por terra com o Egito forem abertas”.
Al-Sheikh acrescentou que Hemetti também discutiria a situação da Grande Barragem da Renascença Etíope (DRGE) com as autoridades egípcias.
A Etiópia está construindo uma barragem de US$ 5 bilhões perto de sua fronteira com o Sudão para fornecer ao país a necessária eletricidade e regeneração econômica. O Egito acredita que, quando a barragem estiver cheia, o suprimento de água escassa do Nilo ficará restrito.
O Egito é quase inteiramente dependente da água do Nilo, recebendo cerca de 55,5 milhões de metros cúbicos por ano do rio, e acredita que o preenchimento da barragem afetará a água necessária para beber, agricultura e eletricidade.
Após o fracasso das negociações entre os países africanos, eles concordam com os EUA como mediador externo.
Vídeo informa que a barragem de US$ 4 bi vem sendo construída há oito anos pela Etiópia, para gerar megatons de energia a partir de 2022, mas o Egito receia que ela reduza seu suprimento de água. Egito, Sudão e Etiópia, que compartilham o Rio Nilo, pediram mediação internacional. Especialistas temem que o impasse não se resolva, levando a conflitos maiores entre os três países.
Em novembro, os EUA organizaram uma reunião em Washington, estabelecendo o prazo para 15 de janeiro como solução para a disputa, que a certa altura parecia prestes a entrar em conflito militar entre o Cairo e Adis Abeba. Eles concordaram em quatro rodadas de negociações. A primeira foi realizado na capital etíope, a segunda no Cairo e a terceira em Cartum.
As negociações pararam novamente após a terceira rodada na capital sudanesa.
O Cairo quer que a Etiópia garanta ao Egito 40 bilhões de metros cúbicos ou mais de água do Nilo. O ministro da Irrigação da Etiópia, Seleshi Bekele, disse que o Egito desistiu dessa demanda, mas o Egito insiste que não.
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