A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita no Iêmen concordou em implementar um cessar-fogo com o grupo rebelde houthi, diante dos esforços regionais para compor um fronte unitário contra a propagação do novo coronavírus.
A decisão saudita de suspender suas operações militares no país e assentir com uma trégua veio logo após a anuência dos termos pelas duas partes opostas do Iêmen – o governo reconhecido internacionalmente do presidente deposto Abd Rabbuh Mansur Hadi e o grupo houthi, apoiado pelo Irã, que controla a capital Sanaa desde 2015, no decorrer de cinco anos de intensa guerra civil.
O apoio de Riad ao cessar-fogo foi bem recebido por Mohammed Ali Al-Houthi, presidente do Supremo Comitê Revolucionário Houthi, que expressou ontem (25) em sua página do Twitter esperanças de que a Arábia Saudita mantenha o armistício e “traduza à prática”.
O então acordo entre as partes em conflito no Iêmen ocorreu uma semana depois de Martin Griffiths, enviado especial da ONU no país, realizar um apelo pelo cessar-fogo, reiterado pelo Secretário-Geral das Nações Unidas Antonio Guterres nesta quarta-feira (25).
Guterres também pediu por um cessar-fogo global, a fim de combater a pandemia de coronavírus, que até então resultou em 22.000 mortes mundialmente.
Desde o início do surto de coronavírus e sua propagação ao Oriente Médio – Irã, em particular –, países da região passaram a implementar medidas severas como toques de recolher e fechamento de instituições públicas. Mesquitas também foram fechadas, o transporte público foi suspenso e viagens internacionais foram proibidas. Além disso, prisioneiros foram soltos a fim de prevenir o contágio dentro das prisões.
A Arábia Saudita implementou um toque de recolher de 21 dias nesta semana e o estendeu para isolamento completo da capital Riad, além do fechamento das duas cidades sagradas islâmicas.
Ainda não casos confirmados de coronavírus no Iêmen, mas organizações e especialistas de saúde alertaram que o país empobrecido e assolado pela guerra pode potencialmente vivenciar uma explosão de casos devido ao fato de que milhões de pessoas carecem de acesso à água e condições sanitárias apropriadas.
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