Vários profissionais de mídia egípcios rejeitaram a decisão do Conselho Supremo de Regulação de Mídia de bloquear sites e processar usuários de mídias sociais, considerando as medidas contrárias à lei e à Constituição que estipulam a liberdade de imprensa, o direito de circular informações e a liberdade de expressão em geral.
Em uma reunião na quinta-feira, o conselho decidiu bloquear dois sites de notícias por seis meses, alegando que estariam divulgando notícias falsas sobre o coronavírus. O conselho também decidiu emitir um pedido de fechamento de seis páginas pessoais de mídia social (no Facebook e Twitter) pelas mesmas alegações.
Além disso, encaminhou ao Ministério Público, para adoção de medidas legais, denúncias contra os proprietários de várias páginas pessoais acusados de circular e promover boatos.
O ex-secretário-geral do Conselho Supremo de Imprensa, Qutb Al-Arabi, comentou a proibição, explicando tratar-se da política de blecaute da mídia imposta pelo sistema no início da epidemia do coronavirus. Ela impede a liberdade de circulação de informações, apesar da Constituição garantir o contrário. Alguns sites foram bloqueados, mesmo tendo publicado informações corretas; Eram assuntos que as autoridades queriam ocultar, mas que acabaram forçadas a divulgar depois de alguma das páginas ter publicado. Em declarações à mídia Mugtama, os jornalistas disseram que a restrição faz parte da política do regime egípcio que tenta monopolizar e silenciar a mídia, impedindo qualquer tentativa de informar fora da estrutura e das versões oficiais das notícias, penalizando, bloqueando sites, aprisionando pessoas e abrindo processos.
O conselho instou os usuários de mídia social a não promoverem notícias falsas ou alarmes, afirmando que as autoridades envolvidas no tratamento do coronavírus estão lidando com total transparência e notícias atualizadas sobre a pandemia através dos sites oficiais do Ministério da Saúde e do escritório da Organização Mundial da Saúde no Egito, bem como das coletivas de imprensa do Conselho de Ministros.
Jornalistas e ativistas questionaram a declaração do conselho, sobre a suposta transparência. Eles também confirmaram a validade das informações publicadas por alguns dos sites bloqueados, citando o exemplo das notícias das mortes nas brigadas do exército egípcio como resultado de uma infecção pelo coronavírus, que mais tarde foi confirmada pelas autoridades egípcias. .
Ahmed Amin, membro do Sindicato dos Jornalistas,chamou o que está ocorrendo de guerra contra a liberdade de imprensa, começando por leis que violam a Constituição e ignoram a entidade profissional.
Amin pediu ao Sindicato dos Jornalistas que intervenha para proteger a profissão e os jornalistas deste ataque, exigindo transparência e liberdade de expressão para divulgação da verdade sobre o coroavírus, a fim de beneficiar a saúde e a segurança dos egípcios.
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