Neste domingo (29), o Papa Francisco declarou seu apoio ao chamado do Secretário-Geral das Nações Unidas Antonio Guterres por um cessar-fogo global para que o foco se mantenha no combate à pandemia de coronavírus, relatou a agência Reuters.
Em sua bênção semanal – proferida da biblioteca papal ao invés da Praça de São Pedro devido ao isolamento generalizado na Itália –, o pontífice mencionou especificamente o apelo de Guterres feito em coletiva de imprensa na última segunda-feira (23).
Francisco afirmou que a doença não reconhece fronteiras e convocou todos a “interromper todas as formas de hostilidade bélica e favorecer a criação de corredores para ajuda humanitária, esforços diplomáticos e atenção sobre aqueles que encontram-se em situações de grande vulnerabilidade”.
LEIA: Palestinos trocarão manifestações do 1º ano da Marcha do Retorno por bandeiras nas casas
Mais de 662.700 pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus em todo o mundo; 30.751 pessoas morreram, segundo estimativas compiladas pela Reuters.
Cerca de um terço das mortes ocorreu na Itália, onde a taxa de mortalidade superou 10.000 vítimas neste sábado (28), o que reforça a possibilidade de manutenção do isolamento exercido em escala nacional.
A Itália possui até então 92.472 casos confirmados, o segundo maior número no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, cujos índices superaram a China na última semana.
O Vaticano – uma cidade-estado com 108 acres de área, cercada por Roma – confirmou seis casos até então. Neste sábado, Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, afirmou que testes foram conduzidos após um sacerdote residente no palácio papal testar positivo para a doença.
Segundo Bruni, o papa e seus assessores mais próximos não contraíram a doença.
Os efeitos sociais da pandemia levaram a comparações com períodos dolorosos da história global, como a Segunda Guerra Mundial, a crise financeira de 2008 e a pandemia de gripe espanhola, em 1918 – que resultou, segundo estimativas, em 50 milhões de mortes no mundo todo.
As Nações Unidas tentam mediar a suspensão de conflitos em países como Síria, Iêmen e Líbia, além de fornecer assistência humanitária a milhões de civis.
Guterres alertou que países assolados pela guerra já possuem sistemas de saúde em situação de colapso e que o pequeno número de profissionais de saúde ainda em atividade costumam ser alvos dos embates.
Em seu discurso de domingo, o Papa Francisco também fez um apelo para que as autoridades mantenham a sensibilidade ao problema particular imposto pelo coronavírus a prisioneiros em todo o mundo, considerando situações precárias em diversas prisões, muitas superlotadas. Segundo o pontífice, a situação “pode tornar-se uma tragédia”.
Prisioneiros rebelaram-se em diversos países, incluindo Itália, onde ao menos seis detentos morreram da doença neste mês. Neste domingo (29), prisioneiros também se rebelaram em uma penitenciária localizada no nordeste da Tailândia.
Muitos países – incluindo Alemanha, Sudão e Irã – assumiram medidas para soltar certo número de detentos a fim de reduzir a pressão sobre o sistema prisional.
LEIA: Papa Francisco pede respeito às leis humanitárias diante da escalada em Idlib, na Síria