Nesta segunda-feira (6), promotores dos Estados Unidos concluíram que oficiais da Federação Internacional de Futebol (FIFA) receberam propina antes de votar a favor do Catar e da Rússia como países anfitriões das Copas do Mundo de 2022 e 2018, respectivamente.
A conclusão foi feita após extensa investigação.
Um documento de setenta páginas contém detalhes sobre o inquérito. Diversos ex-membros do Comitê Executivo da FIFA “foram oferecidos ou receberam propinas relacionadas a seus votos”, revelou a apuração dos fatos.
Promotores dos Estados Unidos declararam ter evidências de “enriquecimento ilícito e propina no futebol internacional”; segundo os responsáveis pela investigação trata-se de um conjunto de práticas comuns “conhecidas há décadas”. Acusações de corrupção também levaram a uma empresa de marketing esportivo e três executivos de imprensa.
Nicolas Leoz, ex-presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), e Ricardo Teixeira, ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), foram formalmente acusados de receber dinheiro “em troca de seus votos a favor do Catar como sede da Copa do Mundo de 2022.”
O Catar negou qualquer delito apesar das reiteradas alegações de propina desde que o rico estado do Golfo ganhou o direito de sediar o maior torneio de futebol do mundo, há dez anos atrás. É notório que o Catar venceu a candidatura dos Estados Unidos na reta final.
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O indiciamento divulgado ontem não especifica quem esteve por trás da suposta propina, fato que provavelmente servirá à defesa catariana ao insistir em sua inocência sobre o caso. Investigações anteriores também não conseguiram conectar diretamente oficiais de Doha aos atos de corrupção.
Entretanto, após a Rússia sediar a Copa do Mundo há quase dois anos, o foco da investigação deve voltar-se mais uma vez ao estado do Golfo. A possibilidade de reabertura de um inquérito da FIFA sobre como os votos foram conduzidos ainda não está clara.
A escolha do Catar como sede para a Copa do Mundo FIFA de 2022 demonstrou-se um pomo da discórdia entre os vizinhos do Golfo. Por meses, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, em particular, observaram os preparativos catarianos para assumir o palco central do esporte com certa inveja, ao insistir que a honra de acolher o torneio deveria ser compartilhada por toda a região.
Em 2019, foi descoberto que os Emirados Árabes Unidos contrataram serviços de um parlamentar conservador britânico e de uma firma de relações públicas de Londres para estabelecer uma campanha que representasse publicamente o governo em Doha de modo negativo, a fim de que o Catar perdesse o direito de sede do torneio internacional.