As principais nações produtoras de petróleo empenharam-se na última sexta-feira (10) para finalizar acordos de cortes da produção de petróleo mundial durante conversas do G20 realizadas por videoconferência, a fim de elevar o preço do produto diante da crise do coronavírus. Arábia Saudita e México entraram em um impasse, apesar da proposta de mediação do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump.
As informações são da agência Reuters.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), comandada pela Arábia Saudita, e seus aliados liderados pela Rússia – que abrangem juntos o grupo informal conhecido como OPEP+ – elaboraram um pacto para conter a produção de petróleo cru em 10 milhões de barris por dia (bpd) ou 10% dos suprimentos globais, durante negociações realizadas em tempo recorde, na quinta-feira (9).
Rússia e OPEP afirmaram desejar que outros produtores, como Estados Unidos e Canadá, estabeleçam um corte adicional de 5%.
Entretanto, esforços para concluir o acordo atingiram um impasse quando o México declarou que cortaria sua produção em apenas um quarto da quantidade recomendada pela OPEP+.
Medidas para conter a propagação do coronavírus aniquilaram a demanda por combustíveis e levaram abaixo os preços dos produtos do petróleo, impondo grave pressão econômica a países produtores e, particularmente, à indústria de xisto dos Estados Unidos, mais vulnerável aos preços baixos devido ao alto custo.
O Presidente do México Andrés Manuel López Obrador afirmou na sexta-feira que Donald Trump ofereceu realizar cortes adicionais na produção americana para compensar a produtividade mexicana, proposta pouco usual feita por um presidente que por muito tempo atacou a OPEP.
Trump, que ameaçou impor à Arábia Saudita novas tarifas sobre a importação de petróleo caso não solucione o problema de superprodução, de fato declarou que seu governo está disposto a ajudar o México ao pegar “um pouco da sobra”, conforme reembolso posterior. Trump não concedeu detalhes sobre como tal proposta seria executada.
Entretanto, a oferta não foi suficiente para fechar o acordo.
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Duas fontes próximas à questão relataram que a Arábia Saudita entrou em confronto com o México ainda na quinta-feira e novamente na sexta-feira, quando a monarquia serviu de anfitriã às negociações conduzidas por ministros de energia das maiores economias do G20, com o intuito de obter apoio aos esforços da OPEP+.
Horas após o fim das conversas, um comunicado do G20 ignorou qualquer menção aos cortes de produção ou quantidades propostas, ao referir-se somente a “medidas para garantir estabilidade do mercado energético”. Ainda não está claro como ou quando o pacto da OPEP+ poderá ser finalizado.
“Pedimos a todas as nações que usem todos os meios à sua disposição para ajudar a reduzir o excedente”, afirmou Dan Brouillette, Secretário de Energia dos Estados Unidos, durante as negociações do G20.
Brouillette declarou que os Estados Unidos poderá oferecer apoio ao plano a partir de uma queda natural em sua produção de petróleo dada pelas atuais condições econômicas. Embora não represente um corte formal, ainda consiste em uma mudança significativa na postura de um país que jamais acompanhou a OPEP em qualquer ação coordenada.
Brouillette reiterou que a produção americana pode cair em dois a três milhões de barris por dia até o fim de 2020 – uma queda maior do que aquela anteriormente prevista por oficiais, em um período de tempo ainda menor.
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