Neste domingo (12), Israel isolou áreas judaicas ultra-ortodoxas da cidade de Jerusalém, como parte dos esforços para tentar conter a propagação do novo coronavírus a partir de bairros densamente povoados, onde a taxa de infecção é alta.
As restrições sobre entrada e saída, executadas por meio de bloqueios viários policiais, foram impostas no mesmo dia em que a ordem do governo para uso de máscaras em ambientes públicos entrou em vigor por todo o país.
Residentes dos bairros restritos em Jerusalém ainda podem realizar compras perto de casa para aquisição de itens essenciais. Sinagogas foram fechadas para tentar controlar o contágio, em medida que reflete ações já vigentes no restante do território controlado por Israel.
Os bairros ultra-ortodoxos abrigam famílias numerosas que vivem em quarteirões fechados. O cumprimento das normas de distanciamento social é inconsistente.
Bnei Brak, assentamento ultra-ortodoxo de 200.000 pessoas perto de Tel Aviv, foi declarado zona restrita em 2 de abril. A polícia passou então a limitar o acesso à área.
Israel reportou até agora 10.878 casos confirmados de coronavírus e 103 mortes. Oficiais palestinos registraram 268 casos na Cisjordânia ocupada e Faixa de Gaza, com duas mortes.
Na Cisjordânia, o Ministro das Finanças palestino Shukri Bishara afirmou que a Autoridade Palestina (AP) pediu ajuda a Israel para lidar com a crise econômica decorrente da pandemia de coronavírus.
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Israel costuma coletar cerca de 700 milhões de shekels (US$195 milhões) por mês em importações que chegam aos territórios palestinos via portos israelenses, em nome da Autoridade Palestina. O acordo tem contrapartida de 3% dos recursos tributários como comissão israelense. Entretanto, a Autoridade Palestina espera que tais recursos declinam em mais de 50% devido ao comércio reduzido durante a crise de coronavírus.
Bishara relatou ter pedido um empréstimo a Israel para a Autoridade Palestina, a fim de compensar remessas no valor de 500 milhões de shekels (US$140 milhões) por mês. Quaisquer empréstimos deverão ser pagos a Israel a partir de recursos fiscais futuros, possivelmente pós-crise.
Caso Israel concorde, “podemos adicionar um valor mensal de 200 milhões de shekels (U$56 milhões) em auxílio humanitário de países doadores, além dos 100 milhões de shekels (US$28 milhões) obtidos de recursos locais”, afirmou Bishara a repórteres por vídeo.
“Este montante nos deixaria 200 milhões de shekels abaixo [da estimativa normal], soma que podemos compensar por meio de empréstimos [bancários]”, reportou o ministro palestino. “Assim, devemos nos sustentar bem pelos próximos seis meses.”
Uma porta-voz para o Ministério das Finanças de Israel recusou-se a responder em detalhes sobre a questão, ao declarar: “Sem comentários antes que um acordo seja assinado”. Contudo, reiterou que Israel já demonstrou disposição para emprestar a soma à Autoridade Palestina, como parte das medidas contra o coronavírus.
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