O Arcebispo Atallah Hanna, chefe da Diocese de Sebastia da Igreja Ortodoxa de Jerusalém, fez um apelo pela suspensão das sanções econômicas impostas contra a Síria, considerando a pandemia do novo coronavírus.
Nesta segunda-feira (13), o arcebispo divulgou uma mensagem de Jerusalém ocupada em solidariedade à Síria, na qual declarou: “Envio este apelo e esta mensagem, talvez chegue a pessoas que ainda tenham consciência no mundo. Suspendam as sanções impostas contra a Síria à luz do coronavírus.”
A declaração em áudio foi publicada pela agência de notícias SANA, administrada pelo regime sírio. O comunicado de Hanna ainda condenou as sanções vigentes como “crime contra a humanidade.”
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“Da cidade de Jerusalém, mandamos essa mensagem de solidariedade, fraternidade, amor e lealdade à Síria, seu presidente, seu exército, seu povo”, afirmou Hanna. “A Síria, que triunfou contra seus inimigos que conspiraram contra ela, também triunfará sobre a epidemia de coronavírus.”
Em 2019, o arcebispo foi hospitalizado após uma bomba israelense de efeito moral ser atirada contra sua igreja em Jerusalém. Embora não pudesse garantir na ocasião que o ato fora executado por autoridades de Israel, Hanna alegou motivos para acreditar que o atentado tratou-se de uma tentativa de assassinato.
Rússia e China recentemente avançaram nos esforços para suspender sanções impostas à Síria como resposta à repressão brutal contra manifestantes pacíficos em 2011, que levou o país à guerra civil. Aliados do Presidente da Síria Bashar al-Assad citaram o vírus como justificativa para remover sanções internacionais, medida que requer aprovação dos Estados Unidos.
Aliados de Assad alegam que as sanções econômicas mantidas por Estados Unidos e União Europeia impactaram negativamente o setor de saúde na Síria, em particular no que se refere à importação de equipamentos médicos. As sanções também afetaram o setor bancário, tornando quase impossível a transferência internacional ou câmbio da moeda síria ao dólar americano.
A União Europeia considerou acrescentar novas sanções após descobertas conclusivas reportadas na última semana pela Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ), que declarou responsabilidade da Força Aérea Síria por três ataques químicos executados em 2017. As descobertas foram contestadas pelo governo sírio e dissidentes da organização.
Como parte dos esforços para conter a propagação do coronavírus, o governo sírio interditou fronteiras, proibiu movimento entre províncias e fechou escolas e restaurantes. Entretanto, a situação é descrita como “tragédia anunciada”, segundo Emile Hokayem, analista do Oriente Médio para o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), em Londres.
Estimativas oficiais reportam somente dois mortos por covid-19 na Síria até então, após dezenove casos serem confirmados. Especialistas acreditam que o número de mortos é muito maior do que reportado pelas autoridades.