A Arábia Saudita realizou sua 800ª execução sob o reinado de cinco anos do rei Salman Bin Abdulaziz na semana passada, informou ontem a organização de direitos humanos Reprieve, sediada no Reino Unido.
Isso é o dobro da quantidade de execuções registradas desde 2015, quando o rei sucedeu ao trono saudita após a morte de seu antecessor, o rei Abdullah. No período de cinco anos entre 2009 e 2014, o governo saudita realizou 423 execuções.
O número é impressionante, apesar de o príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman, filho do rei, ter declarado repetidamente ao longo dos anos que as execuções seriam reduzidas e limitadas no reino, disse Reprieve.
Embora o reino tenha conduzido execuções por atos considerados tradicionalmente criminosos, como assassinato, estupro, tráfico de drogas e feitiçaria, nos últimos anos vem aumentando suas prisões e execuções por fatores de motivação política, como liberdade de expressão e outras formas de divulgação e dissidência pública.
No ano passado, verificou-se que a maioria das execuções do país foi realizada contra os oponentes políticos de Bin Salman.
A diretora de Reprieve, Maya Foa, declarou sobre relatório da organização que, “apesar de toda a retórica de reforma e modernização, a Arábia Saudita ainda é um país onde falar contra o rei pode te matar”.
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Além disso, as conseqüências de se expressar opinião política em oposição às políticas do reino não foram discriminatórias em relação à idade ou classe, com vários clérigos religiosos sendo presos e acusados de pena de morte, bem como detentos juvenis acusados de suposto envolvimento em protestos.
Um exemplo são os 13 jovens réus atualmente no corredor da morte e que estão “em risco iminente de execução”, segundo Reprieve e a Organização Saudita Europeia para os Direitos Humanos (ESOHR). O reino também executou no ano passado seis jovens que eram crianças na época de seus supostos crimes, com a sentença sendo aplicada em uma execução em massa de 37 pessoas.
A Foa pediu aos aliados ocidentais da Arábia Saudita que pressionem o reino à luz da sua 800ª execução e do aumento de suas violações aos direitos humanos. “No período que antecedeu a cúpula do G20 em Riad, em novembro, os parceiros ocidentais do reino devem exigir o fim da execução de crianças e opositores políticos, caso contrário correm o risco de apoiar tacitamente essas violações flagrantes do direito internacional”, disse ela.
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