Israel deverá abrir clínicas e centros de teste de coronavírus para atender os 150.000 palestinos que vivem hoje nos bairros ocupados de Jerusalém Oriental, do outro lado dos limites estabelecidos ilegalmente pelo Muro do Apartheid.
A decisão ocorre em resposta a uma petição registrada na Suprema Corte de Justiça de Israel, no início deste mês, pela organização de direitos humanos Adalah (Centro Legal para a Minoria Árabe em Israel), reivindicando que o governo israelense forneça testes de coronavírus a residentes do campo de refugiados de Shuafat e do bairro de Kufr Aqab, no distrito de Jerusalém, região central da Cisjordânia ocupada.
Em sua petição, Myssana Morany – advogada da Adalah e co-autora do recurso – afirmou que a organização “concedeu ao governo duas opções: estabelecer instalações temporárias ou serviços de drive-in [para exames] nas próprias comunidades ou fornecer kits de teste e equipamentos apropriados a instalações de saúde já existentes em Shuafat e Kufr Aqab.”
Segundo informações da agência Wafa, o requerimento também exigiu a implementação de centros de teste fixos ou móveis para atender os residentes palestinos; treinamento para clínicas locais nestes bairros, para que as equipes conduzam os exames adequadamente; e remédios complementares que possam permitir a acessibilidade a testes para o vírus.
Logo após o anúncio de Israel de que abrirá clínicas de saúde pública e centros de teste de coronavírus nos territórios ocupados, os advogados da Adalah reafirmaram: “Apesar da demora e da possibilidade de que tais medidas de abertura de clínicas e centros de diagnóstico para coronavírus possam vir tarde demais, o compromisso de Israel em cumprir algumas de nossas demandas é um passo relevante.”
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“Entretanto, não é suficiente. Certamente, monitoraremos a implementação de tais compromissos e esperamos que o restante de nossas demandas também seja cumprido, a fim de garantir acesso à saúde para a população palestina nas áreas ocupadas de Jerusalém Oriental”, reiterou a declaração.
Mahmoud Al-Sheikh, chefe do conselho local de Shuafat, denunciou que os residentes do campo são negligenciados cotidianamente tanto por autoridades palestinas quanto israelenses, apesar de 70% deles possuírem documentos de identidade de Jerusalém e contribuírem com altos impostos de saúde municipais e nacionais.
Al-Sheikh reafirmou a grande preocupação da Adalah de que tais medidas por parte do governo de Israel cheguem tarde demais, em particular considerando que as autoridades da ocupação sequer analisaram ainda a dimensão do contágio por coronavírus em Kufr Aqab, no campo de Shuafat e bairros adjacentes.
“Na falta de testes para coronavírus no decorrer do último um mês e meio, Israel não tem a menor ideia do quanto propagou-se o vírus nestes bairros palestinos de Jerusalém, para além dos limites do Muro do Apartheid. Há uma necessidade urgente de medidas adicionais”, concluiu comunicado emitido por Suhad Bishara e Myssana Morany, advogados da Adalah.