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Catar expulsa ilegalmente trabalhadores do Nepal, denuncia Anistia Internacional

Trabalhador do Nepal em sua residência em um campo de trabalhadores imigrantes na cidade de Doha, Catar, em 3 de maio de 2015 [Marwan Naamani/AFP/Getty Images]

Trabalhadores imigrantes no Catar foram expulsos do país arbitrariamente após serem informados de que passariam por exames para diagnosticar o novo coronavírus, revelou a ong de direitos humanos Anistia Internacional. O governo em Doha negou as acusações.

A polícia catariana apreendeu centenas de imigrantes nepaleses no último mês e os expulsou ilegalmente do país, segundo relatos corroborados por vinte homens em entrevista à Anistia Internacional. Os trabalhadores imigrantes foram convocados para testes de covid-19 e supostamente retornariam em seguida às suas acomodações.

Entretanto, os exames para coronavírus mostraram-se um meio para ludibriar os trabalhadores e detê-los por dias, antes de deportá-los ao Nepal.

“Nenhum dos homens com quem falamos recebeu qualquer explicação sobre a razão pela qual foram tratados desta maneira, tampouco tiveram a oportunidade de contestar sua prisão ou expulsão”, afirmou Steve Cockburn, vice-diretor da Anistia Internacional para Assuntos Globais.

“Após passar dias em condições de detenção desumanas, muitos não tiverem sequer a chance de coletar seus pertences antes de serem postos em aviões com direção ao Nepal”, denunciou Cockburn. O oficial da Anistia reivindicou ainda o pagamento de “salários e benefícios devidos”.

Em sua resposta às alegações de insídia e expulsão ilegal, o governo em Doha afirmou ter repatriado trabalhadores imigrantes “engajados em atividades ilícitas”, descobertas durante investigações conduzidas justamente para conter a propagação do coronavírus.

“Indivíduos que traficavam bens ilegais ou perigosos foram repatriados a seus países de cidadania, de acordo com o sistema legal do Catar”, declarou o governo em comunicado oficial.

Ao contestar as alegações, Doha ainda afirmou que foi descoberto envolvimento dos imigrantes em questão na venda “de bens alimentares perigosos que poderiam ameaçar gravemente a saúde das pessoas, caso consumidos”.

O governo prosseguiu: “Há hoje mais de 400.000 cidadãos do Nepal residindo e trabalhando no Estado do Catar. Absolutamente todos possuem acesso a testes grátis para o coronavírus; aqueles que testam positivo recebem tratamento médico da mais alta qualidade sem custo algum.”

Entretanto, trata-se apenas do último relato dentre diversas denúncias da Anistia Internacional em relação aos trabalhadores imigrantes no Catar. Em 2019, a organização publicou uma investigação bastante comprometedora sobre as falhas de Doha em cumprir promessas feitas para dar fim às violações de direitos dos trabalhadores imigrantes residentes no país.

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