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Sudão rejeita tentativas de polarização da crise sobre a Represa do Renascimento

Obras da Grande Represa do Renascimento, às margens do Rio Nilo Azul, perto de Guba, Etiópio, 26 de dezembro de 2019 [Eduardo Soteras/AFP/Getty Images]

O Ministro de Estado para Relações Exteriores do Sudão Omer Gamar Eldin anunciou na quarta-feira (15) que o governo em Cartum rejeita todas as tentativas de polarização da crise pelos lados em conflito sobre a Represa do Renascimento, construída em território etíope.

Segundo o jornal sudanês Al-Tayar, afirmou Gamar Eldin: “Não somos peças para dançar conforme a música do Egito ou da Etiópia.”

As autoridades egípcias ressentem o que consideram apoio sudanês à Etiópia na questão da represa. Cartum alega que está protegendo seus próprios interesses sem afetar os do Cairo.

“Somos parceiros na gestão da represa e a posição do Sudão emana principalmente das descobertas de especialistas, que determinaram ganhos e perdas pela represa. Segundo os especialistas, os ganhos são maiores. Somos parceiros, sim, na gestão da represa e, a partir de nossa posição, temos o dever garantir a porção do Egito”, esclareceu Gamar Eldin.

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O governo egípcio receia que as obras prejudiquem o fluxo hídrico do Nilo à disposição para o país. O governo etíope em Addis Ababa reitera que não pretende afetar qualquer interesse do Egito e que as obras da represa voltam-se fundamentalmente à geração de energia elétrica.

Gamar Eldin destacou que não há qualquer divergência interna sobre o posicionamento do governo do Sudão, chefiado pelo Primeiro-Ministro Abdalla Hamdok, no que concerne às obras em questão.

Na terça-feira (14), Hamdok reuniu-se com a equipe de negociações do Sudão sobre a represa, a fim de discutir o andamento das conversas entre os países sobre o preenchimento e início das operações da barragem.

A reunião incluiu a Ministra de Relações Exteriores Asma Mohamed Abdalla, o Ministro de Recursos Hídricos e Irrigação Yasser Abbas e membros do comitê de negociações.

Segundo declaração emitida pelo gabinete sudanês, Hamdok afirmou: “O Sudão está negociando sua posição, assim como os mecanismos adotados pelo comitê conforme informações fornecidas pelos comitês auxiliares.”

O Egito assinou os acordos iniciais no fim de fevereiro, conforme termos de negociação para o preenchimento e operação da represa, ao considerá-los “justos”. A Etiópia, entretanto, rejeitou o acordo. O Sudão demonstrou reservas diante dele. A construção da represa é patrocinada pelos Estados Unidos com participação do Banco Mundial.

“Cartum será mediador entre Egito e Etiópia, com o objetivo de chegar a um acordo sobre a Represa do Renascimento”, confirmou Mohamed Hamdan Dagalo, vice-líder do Conselho de Transição Militar do Sudão, durante visita ao Cairo, em meados de março.

Na ocasião, o Ministro de Relações Exteriores do Egito Sameh Shoukry afirmou na televisão: “As negociações com o lado etíope estão completamente paralisadas neste momento.”

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