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Apresentador da Al Jazeera revela ameaças de morte e acusa Arábia Saudita

Apresentador da rede Al Jazeera Jamal Rayyan [Youtube]

O apresentador da rede Al Jazeera Jamal Rayyan revelou ter recebido diversas ameaças de morte das agências de inteligência da Arábia Saudita, após criticar a monarquia e reivindicar que o Rei Salman bin Abdulaziz peça oficialmente desculpas ao Catar.

Nascido em Tulkarem, Palestina, Rayyan denunciou o caso em sua página do Twitter: “Recebi três ameaças de morte da inteligência saudita no período de uma semana. Ameaçaram atirar contra mim ou matar-me da mesma forma que fizeram com o mártir Jamal Khashoggi, a fim de impedir-me de criticar abusos de direitos humanos e perseguição religiosa contra opositores na Arábia Saudita. Os sauditas aprovam tais ameaças?”

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Ao referir-se ao príncipe herdeiro e governante de fato da monarquia, o jornalista prosseguiu: “O jovem príncipe Mohammed bin Salman, por acaso, sabe que a maioria das crises nas quais o reino está envolvido são causadas pelos EAU e que só podem ser resolvidas em Doha? Se eu fosse ele, manteria a humildade, superaria preconceitos, entraria em meu avião ou carro e iria ao Catar antes que a situação se deteriore.”

Rayyan também pediu ao Rei Salman que se desculpe com o Catar. “Ter a humildade de pedir desculpas é uma qualidade de grandes homens. O Rei Abdulaziz certa vez desculpou-se por um erro cometido contra o Catar (e há registros). Agora se reproduz o mesmo cenário, por que não pedir desculpas?”

O príncipe saudita Abdulrahman bin Musaad bin Abdulaziz respondeu Rayyan ao acusar o Catar de recrutar jornalistas da Al Jazeera para atacar a Arábia Saudita.

O jornalista saudita radicado nos Estados Unidos Jamal Khashoggi foi morto em 2 de outubro de 2018 dentro do consulado do reino em Istambul, Turquia. Após pressão internacional e sucessivas investigações, a Arábia Saudita admitiu que Khashoggi foi morto em um ataque premeditado.

Dentre os indiciados pela morte de Khashoggi, estão oficiais sauditas de alto escalão como o ex-vice-comandante de inteligência Ahmad Asiri e o ex-assessor real Saud Al-Qahtani.

O Presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan afirmou que o assassinato de Khashoggi foi ordenado pelo “mais alto nível” do governo saudita, ao implicar inclusive o próprio príncipe herdeiro Mohammed bin Salman.

Bin Salman negou as acusações, mas reconheceu que a execução ocorreu sob sua tutela. Um relatório emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) também concluiu responsabilidade de Bin Salman sobre o assassinato.

Em 2017, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito cortaram relações com o Catar ao acusar Doha de apoiar o terrorismo. O governo catariano negou as acusações. Os quatro países impuseram um bloqueio por ar, mar e terra sobre o pequeno estado do Golfo, mantido desde então.

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