A guerra nos preços de petróleo entre Rússia e Arábia Saudita aparentemente foi provocada por uma troca de insultos entre o presidente Vladimir Putin e o príncipe herdeiro e governante saudita Mohammed Bin Salman, durante telefonema realizado em março. A versão dos fatos foi relatada à rede britânica Middle East Eye por um oficial saudita.
O telefonema foi feito em 6 de março, logo antes de um encontro crucial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), na qual os principais países produtores não conseguiram chegar a um acordo sobre cortes na produção, diante da menor demanda em meio à crise de coronavírus. Pouco após a ligação, a Arábia Saudita inundou o mercado com produto e causou uma queda vertiginosa nos preços.
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Oficiais sauditas cientes do telefonema revelaram detalhes ao Middle East Eye, sob condição de anonimato. “Pouco antes do encontro, houve um telefonema entre Putin e Bin Salman. Bin Salman estava bastante agressivo e deu um ultimato; ameaçou, caso não chegassem a um acordo, iniciar uma guerra nos preços”, relatou a fonte.
A conversa foi bastante pessoal, reiterou a fonte. “Gritaram um com o outro. Putin recusou o ultimato e o telefonema terminou mal.”
A discussão entre os dois líderes e a subsequente guerra nos preços ocorreu após meses de melhora nas relações entre os dois países. Nesta conjuntura, um acordo armamentício significativo também foi assinado.
Antes da ligação, Bin Salman parece ter contactado Jared Kushner, genro e assessor pessoal do Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, para confirmar a pauta em questão. A ordem dos fatos sugere a bênção de Trump às ações sauditas.
“Kushner não pediu a Bin Salman para fazê-lo, mas Kushner estava ciente e não contestou. Bin Salman chegou às suas próprias conclusões”, esclareceu o oficial. O genro de Trump e o príncipe herdeiro são conhecidos pela proximidade. Segundo relatos, Kushner representa o “mais forte defensor do príncipe dentro da Casa Branca”.
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O que seguiu-se foi uma queda vertiginosa nos preços do petróleo e desestabilização dos mercados globais. A princípio, o preço de petróleo caiu para US$25 por barril; posteriormente atingiu índices ainda menores.
Não são apenas as relações entre Arábia Saudita e Rússia que estão conturbadas; os Estados Unidos também têm problemas com o reino. No início da semana, o preço do petróleo cru do Texas atingiu números negativos, a menos US$37 por barril, pela primeira vez na história da indústria americana.
Como resultado das tensões, senadores republicanos pediram a exclusão da Arábia Saudita da OPEP. Representantes dos Estados Unidos chegaram ao ponto de ameaçar retirar tropas americanas do estado do Golfo.
Apesar de sauditas e russos parecerem ter chegado a uma solução para a crise, ao cortar a produção de petróleo em 10%, relatos sugerem que ambos os países ainda tentam ganhar vantagem um sobre o outro. Os preços do petróleo caíram novamente, em torno de US$15 por barril, antes de fechar em US$19.
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