Nesta quinta-feira (23), o Hamas condenou as declarações feitas pelo Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo em apoio aos planos israelenses de anexar partes da Cisjordânia ocupada.
“A postura americana sobre anexar a Cisjordânia é ilegal, não condiz com as leis internacionais”, afirmou Raafat Murra, chefe de imprensa do Hamas, segundo a Agência Anadolu. Murra descreveu a posição dos Estados Unidos como tendenciosa “a favor de Israel, negligenciando os direitos históricos do povo palestino e ignorando a questão palestina.”
Murra também fez um apelo para que os palestinos “unam-se e permaneçam juntos para enfrentar essa atitude americana.”
Na quarta-feira (22), Pompeo declarou que cabe a Israel decidir se anexa ou não partes da Cisjordânia ocupada. “Quanto à anexação da Cisjordânia, os israelenses é quem devem tomar as decisões finais”, afirmou Pompeo a jornalistas, ao reiterar que o governo dos Estados Unidos “trabalharia de perto para compartilhar com eles nossos pontos de vista sobre isso, em ambiente privado.”
Em resposta, o Presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas prometeu que seu governo passaria a considerar todos os acordos com Israel e Estados Unidos “completamente abolidos, caso Israel comece a implementar o plano de anexação.”
O Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu e seu principal rival Benny Gantz, líder da coalizão Azul e Branco (Kahol Lavan), assinaram um acordo na segunda-feira (20) para compor um governo de emergência nacional, sob o princípio do compartilhamento de poderes.
O acordo alega que o novo governo buscará a paz e estabilidade na região, mas pretende estender a soberania israelense a assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada – terra reivindicada pelos palestinos para compor um estado. O acordo israelense de fato prevê “anexar o Vale do Jordão [ocupado] e os assentamentos israelenses na Cisjordânia [ocupada], no início de julho.”
Oficiais palestinos denunciam que o plano levará à anexação ilegal israelense de mais de 30% das terras da Cisjordânia.
A medida é parte do chamado “acordo do século”, proposto em janeiro pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, considerado concessão plena às reivindicações israelenses em detrimento da causa palestina, em particular ao prejudicar gravemente o estabelecimento de um estado palestino devidamente autônomo.
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