O uso de tecnologia de rastreamento de telefones para localizar pacientes infectados com o novo coronavírus em Israel foi proibido pelas autoridades locais por preocupações com a privacidade e direitos civis, relatou a rede britânica BBC.
A tecnologia utiliza dados de localização do celular, cartão de crédito e outras informações digitais com o objetivo de alertar e impor quarentena a pessoas que estiveram em contato próximo – dois metros – com pacientes infectados pelo vírus nas duas últimas semanas.
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O parlamentar israelense Gabi Ashkenazi, da coalizão Azul e Branco (Kahol Lavan), que preside o Comitê de Defesa e Relações Exteriores do Knesset, afirmou em declaração após reunião do conselho que seus membros demonstraram apreensões relevantes sobre o projeto de lei que pretendia autorizar a prática.
Ao descrever o uso de dados pessoais como “enorme violação da privacidade”, o membro do comitê Ayelet Shaked escreveu em seu Twitter: “A utilidade oferecida por isso [rastreamento de dados celulares] é superada pelo enorme mal que inflige à privacidade.” Shaked argumentou que a polícia poderia realizar visitas a residências de pessoas em quarentena, para verificar a situação.
A Associação de Direitos Civis de Israel elogiou a suspensão da política considerada “extrema”, ao descrever a decisão como “importante conquista para assegurar a democracia e a privacidade, prova da importância da supervisão parlamentar sobre o governo.”
A decisão de não ir adiante com o projeto de lei significa que a polícia teve de descontinuar a prática a partir da noite de quarta-feira (22).
Entretanto, outro programa de rastreamento israelense, não afetado pela mudança, envolve o Shin Bet, serviço secreto de Israel, que utiliza sua tecnologia de vigilância para identificar aqueles que possam ter mantido contato com indivíduos infectados, reportou a BBC.
Mais de mil manifestantes tomaram a Praça Rabin, em Tel Aviv, no último domingo (19), para denunciar ameaças à privacidade após o Shin Bet obter poderes para rastrear telefones civis.
A manifestação foi parte da campanha Bandeira Negra, que começou em março último, para contestar “medidas antidemocráticas” postas em vigor pelo governo do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu como suposta resposta à crise do coronavírus.
Israel registrou quase 14.600 casos da doença até então e 191 mortes.
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