O judiciário de Malta acusou um vendedor de armas local, sob contrato de uma empresa dos Emirados Árabes Unidos, de violar sanções internacionais impostas à Líbia.
O jornal Times of Malta reportou no sábado (25) que o comerciante de armas James Fenish, de 41 anos de idade, recorreu a botes infláveis de uso militar para retirar mercenários da Líbia, sem notificar as autoridades.
A reportagem esclareceu que a corte maltesa na capital Valeta indiciou Fenish e quatro outros homens na última sexta-feira (24). Os demais réus não foram identificados.
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A promotoria relatou que Fenish foi contratado por uma companhia sediada nos Emirados Árabes Unidos, para executar operações secretas de evacuação e deportação na Líbia, sem deferimento das autoridades relevantes.
Segundo o jornal, em agosto de 2019, um bote registrado em Malta foi encontrado no porto líbio de Az-Zuwaytinah, cerca de 150 km da cidade de Benghazi, ao sul do país. O incidente levantou suspeitas de tráfico de pessoas para dentro e fora da Líbia.
Como resultado, autoridades líbias abriram uma investigação sobre o assunto e buscaram por possíveis operações de lavagem de dinheiro. A corte então “concordou em congelar recursos ligados a Fenish”, conforme relatou um oficial de polícia de Malta.
Em março de 2011, o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu impor um embargo de armas sobre a Líbia e determinou que todos seus estados-membros inspecionassem embarcações em direção ao país para eventualmente confiscar e destruir itens banidos.
A Líbia desabou no caos após a morte do longevo ditador Muammar Gaddafi, em levante popular com apoio da OTAN, em 2011. Desde então, alianças independentes e facções tribais lutam entre si para tomar o poder no país.
O Governo de União Nacional, reconhecido pela ONU, enfrenta militarmente tropas e milícias do general renegado Khalifa Haftar, que lidera o chamado Exército Nacional Líbio (ENL), no leste do país, e recebe apoio dos Emirados Árabes Unidos e outros países.
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