Comitê lança campanha internacional para preservar a identidade palestina

Ali Howaidi é membro do Comitê Preparatório da Campanha Internacional para Preservar a Identidade Palestina, prevista para lançamento em maio. O Monitor do Oriente Médio conversou com Howaidi por telefone sobre os planos da campanha.

Sua organização está se preparando para lançar a campanha para 2020. Quais os objetivos?

A Intimaa é uma campanha popular presente em diversos países, especialmente nas cinco áreas onde opera a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA): Cisjordânia ocupada; Faixa de Gaza sitiada; Jordânia, Síria e Líbano. Pretende ajudar a preservar e proteger a identidade palestina, alvo sistemático de sucessivas agressões executadas pela ocupação de Israel de diversas maneiras, tais como mudar os nomes das cidades e aldeias palestinas do árabe ao hebraico ou alegar que pratos populares palestinos são parte da herança israelense, e assim por diante. Ao longo dos últimos dez anos, a campanha tornou-se um importante recurso popular e angariou credibilidade fortalecida pela participação de centenas de instituições, associações e organizações não-governamentais em todo mundo.

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Você acha que o contexto de pandemia de coronavírus é o momento certo para lançar a campanha? Você espera que as pessoas respondam?

Não há dúvidas de que há grandes desafios vigentes diante da pandemia, mas todos sabemos quais medidas preventivas devem ser tomadas até o momento em que sejamos orientados a sair e andar em segurança novamente. Iniciativas relevantes podem fazer uso das redes sociais e de conferências online. A campanha usará tais meios para realizar seu programa e permitir a participação das pessoas enquanto mantêm as orientações de distância social. A iniciativa de ensino remoto da UNRWA provou-se produtiva e recebeu uma resposta bastante positiva. De mesmo modo, nossas campanhas pela libertação de todos os prisioneiros palestinos detidos nas prisões da ocupação israelense foram bem recebidas. O auto-isolamento é uma boa oportunidade para encorajar famílias palestinas a interagir com a campanha e participar de atividades que levam em consideração as circunstâncias extraordinárias do mundo hoje.

Qual a natureza da parceria entre a Intimaa e a Conferência Popular de Palestinos no Exterior? Quais as razões para tal parceria?

A Conferência Popular de Palestinos no Exterior está assumindo um papel de liderança ao revitalizar a participação dos palestinos na diáspora e fortalecer sua presença nas decisões tomadas, marginalizada desde a assinatura dos Acordos de Oslo, em 1993. A organização também deseja proteger, preservar e encorajar as manifestações da identidade palestina. Como resultado, seus objetivos coincidem com os nossos e tentamos unificar nossos esforços em todo o mundo. Em particular, podemos ver isso em nosso engajamento com a imprensa: a Conferência Popular é dinâmica neste sentido e pode alcançar um grande número de palestinos na diáspora.

Além disso, podemos nos beneficiar da experiência e das habilidades de membros do Secretariado e da Assembleia Geral da Conferência, especialmente na redação de artigos e realização de palestras, seminários virtuais e outros eventos. Por todas essas razões, a Intimaa e a Conferência darão início a um plano conjunto, coordenado também com a organização de Mulheres Palestinas no Exterior, como parte da Conferência Popular, e dos setores de militância jovem, a fim de atingir o maior alcance possível na sociedade palestina.

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Para quando se espera o lançamento da campanha neste ano?

A campanha costuma ser lançada todo ano em 1° de maio, para coincidir com a data da Nakba de 1948 (“catástrofe palestina”), em virtude da fundação do estado ocupante sobre nossas terras. Embora antes lançada na zona de fronteira entre Líbano e Palestina ocupada, na área de Maroun Al-Ras, as circunstâncias atuais significam que este ano será diferente. Entretanto, ainda pretendemos lançá-la em 1° de maio em diversas plataformas de redes sociais.

Quando Mohamed Al-Madhoun, membro do comitê de imprensa da campanha, juntou-se à conversa, o MEMO perguntou a ele quais os principais desafios enfrentados pela campanha. Também questionou se ele espera uma resposta significativa nas redes sociais, considerando as abundantes notícias sobre a pandemia, além da censura de conteúdos pró-Palestina em algumas das grandes plataformas de redes sociais, como o Facebook.

Espera-se que a campanha Intimaa enfrente diversas dificuldades nas redes sociais, como costuma ser, em particular no que se refere a materiais educacionais e aspectos de “alteração de imagens de perfil”. O principal desafio, porém, está no Facebook, cuja censura de conteúdos palestinos neste ano mostrou-se sem precedentes, com centenas de páginas e milhares de postagens removidas. O Facebook utiliza palavras-chave para identificar postagens que apoiem os direitos palestinos e a resistência palestina ou comemorem a memória dos mártires; então, bloqueia o usuário ou suspende sua conta.

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O segundo desafio é o surto de coronavírus, que afetou o mundo todo e domina todos os setores da mídia. Seria um verdadeiro desafio a qualquer entidade da sociedade civil lançar uma campanha de imprensa e chegar a seu público alvo neste momento em particular, mas podemos tomar vantagem do auto-isolamento, para convidar os palestinos a participar virtualmente da campanha, com bandeiras palestinas expostas em suas casas ou vestes tradicionais, por exemplo, ao mesmo tempo em que apresentam a seus filhos nossas história e a história de nossa terra, além de conscientizar sobre o legítimo direito de retorno.

Trabalhadores de saúde operam em uma escola da UNRWA convertida em clínica para pacientes, como parte das medidas de precaução contra o coronavírus (covid-19), na Cidade de Gaza, 18 de março de 2020 [Ali Jadallah/Agência Anadolu]

Quais sãos projetos ou ideias mais promissores para a campanha deste ano?

Planejamos diversas atividades. Além dos atos mencionados acima, estamos publicando cartazes e materiais informativos, como artigos e comunicados de imprensa. Haverá também foco em nossa juventude, dentre a qual pretendemos aumentar o nível de conscientização e conhecimento sobre a causa palestina.

Outras iniciativas deverão abranger artistas, cantores e poetas, por exemplo, em concursos que acreditamos ser capazes de encorajar a participação dos palestinos. Esperamos ainda que os apoiadores da Palestina na comunidade ampla se envolvam também.

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