Jordânia retoma tráfego de veículos para regressar à normalidade após isolamento

Jordanianos tomaram as ruas após o governo suspender uma proibição sobre o tráfego de veículos privados e decidir reabrir uma série de negócios, em retorno rápido à normalidade, após abrandamento do severo toque de recolher imposto, por quarenta dias, em todo o país, devido ao surto de coronavírus.

Em meados de março, diante da pandemia, o Rei Abdullah da Jordânia promulgou uma lei de emergência que concedeu ao governo amplos poderes sobre direitos políticos e civis, além de determinar o envio de tropas militares a diversas cidades. Uma proibição ao tráfego de carros também foi imposta.

O governo anunciou a decisão de retomar atividades na última segunda-feira (27). Entretanto, reiterou que pode retomar limitações de movimento – em particular sobre o tráfego de pedestres, das 8h às 18h – e ordens de isolamento residencial, caso a população não respeite regras fundamentais de distância social.

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“Manter a atenuação das medidas depende do grau de cumprimento [do público] e, caso pessoas e negócios não acatem, infelizmente retornaremos aos fechamentos e às medidas mais severas”, afirmou Amjad Adailah, porta-voz do gabinete ministerial do governo.

O toque de recolher foi acompanhado pelo envio de tropas militares às principais praças da capital Amã, pela primeira vez em tal escala desde declaração de lei marcial, há décadas. As medidas resultaram na paralisação da vida cotidiana e atividades comerciais em toda a Jordânia – consequentemente, muitos trabalhadores ficaram sem pagamento de salário ou renda.

Todavia, o governo do Primeiro-Ministro Omar al Razzaz angariou alguns elogios por decisões rápidas que impuseram algumas das medidas mais rígidas do mundo, a fim de conter o covid-19. Porém, com o impacto econômico, surgiram críticas de lobbies empresariais e receios de protestos populares.

O fechamento de empresas e a paralisação do turismo, principal fonte de moeda estrangeira, sufocou uma economia bastante dependente de recursos internacionais. Oficiais alertaram que este será o primeiro ano de retração no crescimento econômico desde 1990, além de número recorde na dívida pública, que deverá exceder 100% do PIB.

Transporte público e táxis também foram autorizados a retomar atividades nesta quarta-feira, diante de um programa de reabertura escalonada, estipulado a negócios e indústrias desde a última semana. Nesta etapa, a reabertura estendeu-se ainda a empreendimentos cosméticos, dentistas, lojas de vestuário e shoppings.

A Jordânia registrou oficialmente apenas 451 casos de coronavírus e oito mortes. Oficiais de saúde afirmaram então que o país pode assumir medidas de reabertura; no entanto, alertaram para o risco do número de casos voltar a subir caso não haja atenção a medidas de segurança.

“Há uma certa impressão de que a doença acabou, mas que qualquer imprudência ou afastamento das medidas preventivas pode levar a seu retorno, de modo ainda pior”, observou o Ministro da Saúde Saad Jaber.

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O governo ainda não indicou a data de retorno ao trabalho para servidores públicos, tampouco o cronograma de reabertura de escolas e universidades.

Os aeroportos da Jordânia permanecem fechados ao tráfego de passageiros. Fronteiras por terra com países vizinhos – Síria, Israel, Iraque e Arábia Saudita – estão abertas apenas para fins comerciais.

O coronavírus espalha-se pelo Oriente Médio [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

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