Fontes da oposição ao governo do Egito relataram no sábado (2) que o cineasta Shadi Habash morreu na infame prisão de Tora, ao sul do Cairo, capital do país, devido a deterioração de sua condição de saúde.
“O diretor e produtor de cinema Shadi Habash morreu aos 24 anos na prisão de Tora, sul do Cairo”, declarou o cantor Rami Essam, em sua página do Twitter.
Habash foi preso em março de 2018, um mês após Essam divulgar uma canção satírica que viralizou na internet, conhecida como Balaha, em crítica direta ao segundo mandato do Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi.
Essam afirmou que o Serviço de Investigação de Segurança do Estado acusou Habash de “divulgar notícias falsas e filiar-se a um grupo terrorista.”
Diversas figuras da oposição confirmaram a morte de Habash, incluindo o ex-ministro Mohammad Mahsoub, a ativista de direitos humanos Aya Hijazi e o famoso diretor de cinema Khaled Youssef.
A Rede Árabe de Informações de Direitos Humanos compartilhou em sua página do Twitter que Habash morreu “como resultado de negligência e falta de justiça, após passar mais de dois anos neste calabouço.”
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Autoridades egípcias ainda não comentaram sobre a morte de Habash.
Segundo relatos, Habash escreveu uma carta em outubro de 2019 como pedido de apoio. Não houve até então confirmação da autenticidade da carta. Porém, declara:
“A prisão não mata, mas a solidão sim.Nos últimos dois anos tentei resistir, mas não posso mais.”
Em março, a Anistia Internacional demandou que o Egito libertasse “todos os prisioneiros de consciência e outros prisioneiros sob risco”, diante da propagação do novo coronavírus.
O Observatório de Direitos Humanos (Human Rights Watch) estima que há aproximadamente 60.000 prisioneiros políticos nas prisões egípcias, notórias pela superlotação, negligência médica e condições particularmente vulneráveis ao contágio por coronavírus.
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