Nesta terça-feira (12), o Embaixador da Rússia nas Nações Unidas Vassily Nebenzia refutou duramente declarações feitas por oficiais dos Estados Unidos de que o país ainda é membro do acordo nuclear com Irã, embora tenham se passado dois anos desde a revogação unilateral do tratado. O objetivo de Washington é retomar todas as sanções da ONU sobre Teerã.
Em 2015, Estados Unidos, Rússia, China, Alemanha, Grã-Bretanha e França assinaram um acordo com o Irã que impede o desenvolvimento iraniano de armas nucleares, em troca de alívio nas sanções impostas ao país islâmico.
O Conselho de Segurança ratificou o tratado em resolução na qual permanece a assinatura dos Estados Unidos, apesar de ter abandonado o pacto. Em 2018, o presidente americano Donald Trump revogou unilateralmente o acordo – conquistado por seu antecessor Barack Obama –, ao descrevê-lo como “pior acordo já feito”.
Entretanto, o Secretário de Estado dos Estados Unidos Mike Pompeo afirmou em abril que a linguagem da resolução é “inequívoca” e que “direitos acumulados aos membros da resolução do Conselho de Segurança da ONU são plenamente disponíveis a todos estes membros.”
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Pompeo referia-se à capacidade de um signatário do acordo nuclear – conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) – de conduzir um chamado “snapback” (retorno rápido) a todas as sanções da ONU sobre o Irã.
“Isso é ridículo”, afirmou o embaixador russo Nebenzia a repórteres. “Eles não são membros, não têm direito algum”.
Diplomatas sugerem que os Estados Unidos podem enfrentar uma complicada batalha caso tentem retomar as sanções, que incluem um embargo de armas sobre o Irã. Não ficou claro, em primeiro momento, como ou se um membro do Conselho de Segurança poderia interromper tais medidas.
Nebenzia reiterou que Washington deve considerar se tais ações de fato valem a pena.
“Este retorno rápido seria definitivamente o fim do acordo … Inspeções mais rigorosas de um país da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] seriam suspensas”, alertou Nebenzia. “É do interesse dos Estados Unidos que isso aconteça?”
Os Estados Unidos promovem entre os membros europeus do tratado a possibilidade de restaurar sanções contra a república islâmica, caso não consiga coagir os quinze membros do Conselho de Segurança a prorrogar o atual embargo de armas ao Irã, previsto para acabar em outubro próximo.
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Uma resolução para renová-lo precisaria de nove votos a favor e nenhum veto dos membros permanentes – isto é, Rússia, China, Estados Unidos, França ou Grã-Bretanha.
Ao ser questionado sobre a possibilidade da Rússia vetar a resolução, afirmou Nebenzia:
“Jamais respondo perguntas antes do momento certo, mas vocês podem adivinhar … Não vejo qualquer razão para que o embargo seja imposto ao Irã.”