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Refugiada da guerra na Síria morre no Brasil de covid-19

Khadoui Makhzoum e a filha Sedra recebidas por Abdo quando chegaram ao Brasil [Facebook]

A morte da refugiada síria Khadouj Makhzoum, aos 55 anos, infectada pelo coronavírus, comoveu a comunidade próxima da luta dos que fogem da guerra e conseguem chegar ao Brasil.  No caso dela, o refúgio brasileiro foi resultado de uma longa batalha do filho, Abdulbasset Jarour, hoje com 30 anos, e que desde 2014 lutava para trazer a mãe para a chance de uma nova vida ao seu lado.

Tendo a maior parte dos sete filhos espalhada por diferentes países, Khadouj Makhzoum tentava escapar dos conflitos em Aleppo, área de disputas na Síria, passando de um lugar a outro, enfrentando o desabrigo e noites de fome e de frio em campos provisórios.

Há um ano e meio,  Khadouj e sua filha mais jovem, Sedra,  chegaram ao Brasil,  festejados no aeroporto pelo filho, momento que foi registrado pela reportagem do jornal Folha de São Paulo. “Após saga para tirar familia da guerra, sírio reencontra mãe e irmã no Brasil”, noticiou o jornal. No final de abril, ela voltou a ser notícia: “Após escapar da guerra e reencontrar filho no Brasil, síria vai para UTI com covid-19”.

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Foram sete idas e vindas a postos de saúde ao lado do filho, sem um diagnóstico, até que o quadro de saúde piorou e Khadouj  foi internada. Ela morreu na terça-feira (12)  no Hospital das Clínicas. Por ter lutado para trazê-la ao Brasil, Abdo  sofre agora pela perda da mãe e por não ter conseguido salvá-la de uma pandemia que não escolhe vítimas. Sozinho – já que a irmã acabou mudando-se para o Líbano – ele sentiu-se responsável por assegurar um enterro islâmico à mãe, conforme a religião da família, uma escolha que o obrigou a pedir ajuda para levantar R$ 9 mil.

A Frente em Defesa do Povo Palestino enviou uma mensagem para confortá-lo, lembrando ensinamentos islâmicos, como o de que “pessoa alguma se inteira de em qual terra morrerá”   e iniciou uma ação de solidariedade. “Mesmo com todos esses ensinamentos não nos preparamos para a morte”, diz a nota da frente, lembrando que, no Brasil, existe a ideia que são os filhos que devem enterrar e podem superar a perda dos pais, porque, no caso contrário, “os pais nunca superam a perda dos filhos.”

A campanha de solidariedade divulgou a conta de Abdulbaset Jarour  (Banco do Brasil.  Agencia: 3107-0, Conta Corrente:27-995-1) para ajudá-lo a cobrir as despesas com o enterro islâmico.

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