O povo palestino não pode esperar nada além de fracas tentativas de retórica que contradizem a ação política do líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Em seu discurso em comemoração aos 72 anos da Nakba de 1948, Abbas mais uma vez provou que não tem planos para combater a expansão colonial israelense em andamento.
“Nada é mais precioso para nós do que a Palestina, e nada é mais honroso para nós do que nosso povo e nossos direitos nacionais”, declarou Abbas.
Na véspera de Nakba, o povo palestino teria se beneficiado de uma afirmação mais honesta – que explicasse a cumplicidade da Autoridade Palestina com Israel e a comunidade internacional em garantir a colonização em andamento de suas terras. Uma discussão franca daria ao povo palestino a oportunidade de escolher entre sua história e memória e as imposições internacionais aceitas pela AP e que facilitaram a anexação futura da Cisjordânia ocupada.
A AP não está apenas adulterando o direito de retorno palestino, enfatizando os acordos internacionais que suavizam os direitos em simbolismo fútil. Também está demorando para articular e implementar um processo político baseado em direitos, em vez de uma retaliação tardia que não faz nada para deter a colonização israelense.
A declaração da AP declarando que se considerará liberada de todos os acordos com Israel se o processo de anexação ocorrer é um slogan sem valor político. Não apenas porque tal ação está atrasada, mas também porque a Autoridade Palestina ainda precisa provar sua lealdade ao povo palestino, em vez de explorá-lo para os propósitos do compromisso de dois estados e da suposta agenda de construção da paz da comunidade internacional.
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Como a Autoridade Palestina pode ter honrado os palestinos ao coordenar segurança com Israel ou torturar prisioneiros palestinos em suas prisões? O que dizer dos palestinos em Gaza, que tiveram que suportar as sanções da AP por cima do bloqueio ilegal de Israel, como um meio de coerção política para forçar a rendição da resistência?
Ao invocar a Nakba, tanto em seu aniversário quanto em outras épocas do ano, a AP se recusa persistentemente a defender o princípio e o direito mais relevantes que reverteriam a colonização da Palestina por Israel – o direito de retorno.
Juntamente com a comunidade internacional, a Autoridade Palestina concordou em difscriminar refugiados palestinos ao aceitar que apenas a uma fração seria permitido retornar. Em poucas palavras, enquanto a Nakba fornece um excelente ponto de referência para a Autoridade Palestina chamar a atenção, Abbas ainda apoia a diplomacia internacional que interfere no direito dos palestinos à luta anticolonia e ao retorno.
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Mesmo quando o que resta da Palestina está agora à beira da anexação, a Autoridade Palestina recusa a memória coletiva da Nakba como base para a ação política do povo palestino. De fato, o compromisso de dois estados recebeu mais destaque de Abbas do que o processo de colonização que continua a deslocar a população palestina.
A manutenção do compromisso de dois Estados é uma rejeição à memória da Nakba do povo palestino. A Autoridade Palestina não pode pretender priorizar a Palestina, quando adota um paradigma imperfeito que é moldado pela proteção da colonização israelense pela comunidade internacional.
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