A decisão do Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi de perdoar um ex-policial condenado pelo assassinato da cantora libanesa Suzanne Tamim levou a uma onda de indignação no país norte-africano.
Mohsen Al-Sukkari foi condenado por assassinar Tamim em 2008, nos Emirados Árabes Unidos, a mando do magnata egípcio Hisham Talaat Mostafa. O ex-policial seguiu a cantora do Cairo a Londres, e então a Dubai, onde invadiu seu apartamento e a assassinou a facadas.
Segundo relatos, Hisham e Suzanne possuíam um caso amoroso. O empresário ordenou a execução após recusa de um suposto pedido de casamento.
Quatro anos depois, um corte de recursos manteve prisão perpétua a Mohsen e pena de 15 anos contra Hisham. Indícios apontam que Hisham pagou US$2 milhões a Mohsen para assassinar a cantora pop.
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Hisham era bastante próximo de Gamal Mubarak, filho do ex-ditador Hosni Mubarak, e membro sênior do chamado Partido Nacional Democrático, então no governo.
Na ocasião, o caso de Suzanne Tamim foi acompanhado de perto por todo o mundo árabe.
No sábado (23), o general el-Sisi anunciou perdoar 3.157 prisioneiros pelo feriado islâmico do Eid, que marca o fim do Ramadã. Al-Sukkari estava na lista.
Hisham recebeu o perdão presidencial no Eid, em 2017, sob alegações de saúde.
A decisão deste fim de semana incitou uma onda de indignação, à medida que não havia nenhum prisioneiro político na ampla lista de detentos perdoados. A maioria do presos incluídos foram condenados por assassinato, tentativa de homicídio, tráfico de drogas, prostituição, tráfico humano, corrupção e fraude.
Hoje, há cerca de 60.000 prisioneiros políticos no Egito; destes, aproximadamente 20.000 presos estão sob detenção preventiva sem qualquer julgamento. Organizações de direitos humanos e governos ao redor do mundo reivindicam do Egito que liberte prisioneiros no país para atenuar a superlotação nas cadeias, diante do grave risco por coronavírus.