Mais de 90% das ordens de despejo de terras emitidas pelas autoridades israelenses na Cisjordânia ocupada entre 2005 e 2018 foram emitidas aos palestinos, revelou um relatório publicado ontem por grupos de direitos humanos.
O relatório, intitulado “Calamidade Nacional” (Makat Medina), que analisa 670 ordens de evacuação, foi divulgado pelas ongs israelenses Haqel e Kerem Navot.
A administração civil originalmente se recusou a divulgar os dados e o fez apenas em resposta a duas petições judiciais, segundo o Haaretz.
o relatório revela que 609 ordens de despejo – 91 por cento – foram entregues aos palestinos, enquanto apenas 57 – 8,5 por cento – foram emitidas a colonos israelenses.
Além disso, os dados, que vão de 2005 a 2018, também mostram que Israel evacuou pessoas de mais terras no Vale do Jordão do que qualquer outra região.
“Quando você examina os locais dos avisos de despejo, vê uma forte correlação entre o território quel Israel há muitos anos dedica grandes esforços para anexar e o número de pedidos e seus tamanhos”, disse Dror Etkes, fundador da Kerem Navot.
O vale do Jordão é considerado uma das terras agrícolas mais férteis, fornecendo produtos para a população palestina.
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Os palestinos acreditam que essas medidas fazem parte do processo judicial de Israel, incluindo o esvaziamento de moradores palestinos.
As ordens de despejo são emitidas principalmente em terrenos agrícolas, ou terrenos sendo preparados para construção, mas alguns dos pedidos também estavam relacionados a áreas já construídas.
Outro forte alvo de ordens de despejo é a área em torno da cidade de Hebron, na Cisjordânia, ocupada ao sul, onde centenas de colonos judeus vivem ilegalmente no coração da cidade, protegidos por 1.500 soldados israelenses, mesmo quando os 200.000 árabes palestinos da cidade precisam passar pelos postos de controle do exército.
A cidade antiga, sede da mesquita de Ibrahimi, também é incluída pelos legisladores de direita entre as áreas sobre as quais eles se recusam a deixar de controlar. Os palestinos locais resistiram às tentativas de colonos ilegais que chegaram à cidade após a guerra de 1967 de controlar a mesquita.
A administração civil não respondeu às perguntas do Haaretz sobre os motivos do aumento nas ordens emitidas durante esses anos.
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