Neste sábado (6), o Governo de União Nacional da Líbia, reconhecido internacionalmente, tentou avançar ainda mais contra as forças do comandante Khalifa Haftar, cujas tropas com sede na parte oriental do país já demonstram retirada. Durante visita de Haftar ao Cairo, o Presidente do Egito Abdel Fattah el-Sisi propôs novo cessar-fogo.
Relatos oficiais e testemunhos locais contestaram a alegação das forças de Haftar de que as tropas do governo oficial líbio retiraram-se de Sirte, cidade costeira da região central do país. Segundo tais fontes, forças do governo central avançaram à cidade estratégica.
Em uma série de vitórias rápidas, o Governo de União Nacional subitamente recapturou a maior parte da região noroeste da Líbia, em golpe contundente aos planos de Haftar de unir o país à força, com ajuda do Egito, Emirados Árabes Unidos e Rússia.
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Esforços liderados pelo Egito para unificar as forças armadas da Líbia estagnaram-se previamente devido aos anseios de Haftar de tornar-se comandante supremo, reportaram diversos diplomatas.
Desde quinta-feira (4), o chamado Exército Nacional da Líbia, sob controle de Haftar, perdeu seus últimos postos avançados em Trípoli e sua mais importante posição no noroeste do país, a cidade de Tarhuna. Na manhã de sábado (6), forças do governo continuaram a avançar; tropas de Haftar então retiraram-se de al-Washka, oeste de Sirte.
As Forças do Governo de União Nacional provavelmente manterão o ritmo até enfrentar resistência significativa, afirmou Tarek Megerisi, analista da Líbia para o Conselho Europeu de Relações Exteriores.
Dois engenheiros de petróleo localizados no sul da Líbia reportaram à Reuters que a produção no campo de Shahara foi gradualmente retomada, após forças de Haftar suspenderem atividades em janeiro. Esta decisão deve auxiliar o governo oficial a recuperar finanças após meses de quase nenhum recurso.
Em coletiva de imprensa ao lado de Sisi, Haftar consentiu com uma nova iniciativa política que, segundo analistas, deve diluir seus poderes no território oriental da Líbia e pode demonstrar impaciência de seus apoiadores estrangeiros.
O Governo de União Nacional parece disposto a rejeitar em absoluto as propostas do Egito, que incluem cessar-fogo a partir desta segunda-feira (8) e um “plano de paz” a longo prazo. Deste modo, a guerra do governo oficial com o exército de Haftar, no leste da Líbia parece longe de acabar.
Apoiadores internacionais de ambos os lados parecem relutantes a conter quaisquer esforços sobre expandir sua respectiva influência regional. O Exército Nacional da Líbia ainda controla o leste do país, além da maioria dos campos de petróleo na região sul.
A Líbia não possui qualquer autoridade central estável desde a deposição do longevo ditador Muammar Gaddafi, conduzida por rebelião popular com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 2011. Desde 2014, o país está dividido entre administrações rivais no leste e oeste do país.
Ao lado de Haftar e Aguila Saleh, chefe do parlamento oriental da Líbia, Sisi propôs um plano que inclui conversas em Genebra, eleição de um novo conselho legislativo, desmantelamento de milícias e retirada de todos os combatentes estrangeiros da Líbia.
Brevemente, Haftar alegou esperar que Sisi possa executar “esforços imediatos e eficientes para compelir a Turquia a interromper por completo a transferência de armas e mercenários à Líbia”. Os Emirados Árabes Unidos foram rápidos em declarar apoio à proposta de sábado.
Entretanto, segundo a rede Al Jazeera, Khaled al-Meshri, chefe da assembleia legislativa filiada ao Governo de União Nacional, declarou que os líbios não precisa de qualquer nova iniciativa internacional e repudiou as tentativas do general dissidente de retomar conversas após ser derrotado militarmente.
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