O sistema insustentável de disposição de resíduos do Líbano está prejudicando a saúde dos residentes locais, denunciou um relatório publicado ontem (9) pela Coalizão do Gerenciamento de Resíduos da organização humanitária Human Rights Watch (HRW).
Há seis semanas acumulam-se pilhas de lixo nas ruas de Beirute, após um aterro na zona leste da cidade chegar à sua capacidade total, no fim de abril. Segundo o relatório, o governo aprovou expansão vertical do aterro. A solução, porém, deve durar apenas três meses.
O documento da entidade de direitos humanos também destaca o alto custo do gerenciamento de resíduos no Líbano. Segundo a agência sanitária do HRW, o Líbano gasta quase dez vezes mais do que estados em situação similar, como Jordânia e Tunísia. O Líbano gasta US$ 154.5 por tonelada de resíduo sólido, comparado a US$ da Jordânia e US$21.55 na Síria.
O relatório ainda registra apelos ao governo para adotar soluções sustentáveis a longo prazo, a fim de preservar a saúde de seus residentes, sob risco iminente de doenças de pele, garganta, asma e doença pulmonar obstrutiva crônica.
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“Grupos de direitos humanos e especialistas ambientais alertam os governantes do Líbano há anos de que suas práticas de gerenciamento de resíduos não são sustentáveis”, declarou Aya Majzoub, pesquisadora do Líbano para o HRW. “Os custos da inação são enormes e residentes têm negados seus direitos a saúde e ambiente saudável, a cada dia que se ignora a crise.”
O aterro no leste de Beirute foi estabelecido sem qualquer Avaliação de Impacto Ambiental, segundo o HRW, no ano de 2015, com o propósito inicial de responder à crise nacional de gerenciamento de resíduos. Entretanto, não está de acordo com uma série de padrões internacionais.
A organização de direitos humanos consistentemente demanda do Líbano que adote uma solução duradoura para a questão, mas ações institucionais de fato sugerem que os alertas são ignorados.
Em relatório do HRW publicado em agosto de 2019, intitulado “No Quick Fixes to Trash Crisis” (“Sem soluções rápidas para a crise do lixo”, em tradução livre), o então diretor da entidade para o Oriente Médio, Lama Fakih, afirmou: “O governo teve quatro meses para encontrar uma solução sobre a crise do lixo no norte do país, mas ainda procrastina e insiste em meias medidas.”
Prosseguiu Fakih: “Residentes locais pagam o preço pela persistente incompetência do governo em gerenciar os resíduos no país.”
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