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Armas confiscadas pelos EUA em ataque à Arábia Saudita têm ‘origem iraniana’, afirma ONU

Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres discursa na 74ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, Estados Unidos, 24 de setembro de 2019 [Erçin Top/Agência Anadolu]
Secretário-Geral das Nações Unidas António Guterres discursa na 74ª sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, Estados Unidos, 24 de setembro de 2019 [Erçin Top/Agência Anadolu]

Mísseis de cruzeiro utilizados em diversos ataques a instalações de petróleo e a um aeroporto internacional na Arábia Saudita, em 2019, possuem “origem iraniana”, reportou o Secretário Geral das Nações Unidas António Guterres ao Conselho de Segurança, em relatório acessado pela agência Reuters nesta quinta-feira (11).

Guterres alegou ainda que diversas armas e materiais relacionados confiscados, pelos Estados Unidos entre novembro de 2019 e fevereiro de 2020, têm a mesma origem.

Alguns possuem marcas em farsi ou características de design similares a itens produzidos por uma entidade comercial iraniana, relatou Guterres. Outros itens foram entregues ao Irã entre fevereiro de 2016 e abril de 2018, reiterou.

Declarou Guterres: “Tais itens podem ter sido transferidos de modo inconsistente”, em referência a resolução de 2015 do Conselho de Segurança da ONU, que acolhe o acordo de Teerã com potências globais, a fim de restringir o desenvolvimento de armas nucleares.

A missão do Irã na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, não comentou imediatamente sobre o relatório da entidade.

O governo americano do Presidente Donald Trump pressiona os quinze membros do Conselho de Segurança a estender o embargo de armas sobre o Irã, previsto para expirar em outubro, segundo o acordo nuclear. China e Rússia – ambos com poder de veto – já assinalaram oposição à postura dos Estados Unidos.

Duas vezes ao ano, Guterres reporta-se ao Conselho de Segurança sobre a implementação do embargo de armas ao Irã e outras restrições que se mantêm vigentes conforme o acordo.

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O secretário-geral anunciou que a ONU examinou os destroços das armas utilizadas nos ataques a uma instalação saudita em Afif (maio), ao aeroporto internacional de Abha (junho e agosto) e às instalações petrolíferas da corporação Aramco, em Khurais e Abqaiq (setembro).

“O secretariado concluiu que os mísseis de cruzeiro e/ou partes destes, utilizados em quatro ataques, são de origem iraniana”, escreveu Guterres; tal procedência inclui drones empregados na execução dos atentados de maio e setembro.

Guterres também observou que os itens confiscados “são idênticos ou similares” a destroços de drones e mísseis coletados pelos Estados Unidos, em outros ataques conduzidos contra Arábia Saudita, em 2019.

Segundo o secretário-geral, em carta datada de 22 de maio, o enviado especial da ONU no Irã afirmou: “Não é a política recente do Irã exportar armas em violação de relevantes embargos armamentícios do Conselho de Segurança … continuaremos a cooperar ativamente com as Nações Unidas a este respeito.”

O Conselho de Segurança deve debater o relatório de Guterres ainda este mês.

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A Embaixadora dos Estados Unidos na ONU Kelly Craft declarou que pretende circular em breve um projeto de resolução que estenda o embargo contra o Irã. Caso não obtenha êxito, Washington ameaçou incitar um retorno a todas as sanções internacionais ao Irã, anteriores ao acordo nuclear, mesmo após revogar unilateralmente o tratado, em 2018. Diplomatas relatam que Washington deve, portanto, enfrentar uma batalha dura e complicada.

O Irã rompeu partes do acordo em resposta à retirada americana e à reimposição de sanções.

“Peço a todos os estados-membros que evitem retórica e ações provocativas que possam ter impacto negativo na estabilidade regional”, destacou Guterres em seu relatório.

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