Neste domingo (14), o Papa Francisco fez um apelo a ambos os lados em conflito na guerra civil da Líbia para buscar a paz, além de solicitar à comunidade internacional que auxilie no diálogo e proteja os refugiados e imigrantes, classificados pelo pontífice, como “vítimas da crueldade”. As informações são da agência Reuters.
Em apelo emocionado durante sermão conduzido na Praça de São Pedro, Vaticano, o Papa Francisco afirmou aflição pessoal diante da situação na Líbia.
“Por favor! Rogo aos corpos internacionais e àqueles com responsabilidades militares e políticas a restaurar, com convicção, a busca pela paz e pelo fim da violência, em direção à estabilidade e união no país”, declarou Francisco.
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A Líbia não possui autoridade central estável desde a queda do longevo ditador Muammar Gaddafi, deposto por levantes populares com apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 2011.
Por mais de cinco anos, a Líbia possui dois governos e parlamentos rivais em seu território, dividido entre leste e oeste; as ruas são frequentemente patrulhadas por milícias armadas e há combate de tempos em tempos.
Forças estrangeiras dividem-se no apoio ao Governo de União Nacional, de Fayez el Sarraj, reconhecido internacionalmente, e o chamado Exército Nacional Líbio, comandado pelo general renegado Khalifa Haftar.
No sábado (13), o Egito anunciou nova iniciativa para solução da questão líbia. Enquanto isso, Rússia e Turquia, que apoiam lados opostos do conflito, decidiram postergar reunião ministerial sobre o problema.
Em aparente referência à pandemia de coronavírus, o papa afirmou que as condições já graves de saúde entre refugiados, imigrantes e requerentes de asilo foram agravadas, tornando-os ainda mais vulneráveis à exploração e violência.
“Há crueldade. Rogo, por favor, à comunidade internacional que reconheça no âmago seu flagelo … Irmãos e irmãs, temos responsabilidade nisso. Ninguém pode considerar-se livre destes deveres”, alegou Francisco.
Grupos de direitos humanos, como a organização Médicos Sem Fronteiras, relataram recentemente que muitas pessoas são mantidas em centros de detenção instalados na Líbia, sob condições gravemente precárias e expostos a abusos.
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