O Conselho Mundial de Igrejas, principal entidade ecumênica internacional, declarou em carta a ministros de relações exteriores da União Europeia que o bloco deveria punir Israel com sanções abrangentes, caso o estado sionista avance com seus planos de maior anexação de territórios palestinos ocupados.
“A União Europeia deve certamente suspender o Acordo de Associação UE-Israel”, declarou a organização, em referência ao tratado assinado em 1995. O acordo transformou o bloco europeu em maior parceiro comercial de Israel. Entretanto, tornou-se motivo de atrito frequente desde o ataque israelense contra Faixa de Gaza, em 2009, quando o exército israelense matou ao menos 1.383 pessoas, incluindo 333 crianças.
O conselho ecumênico reiterou seu apelo para que a União Europeia não faça de Israel uma exceção à regra, de modo que imponha sanções à potência ocupante, “ao menos análogas àquelas adotadas pelo bloco contra a anexação da Crimeia pela Rússia.”
Em resposta à anexação unilateral da região da Crimeia por parte de Moscou, em 2014, a União Europeia baniu centenas de indivíduos e empresas russas, ao revogar vistos e congelar recursos em território do bloco europeu. Críticos costumam apontar essa disparidade, para destacar a indisposição do grupo em manter suas próprias leis no que concerne Israel.
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“A anexação unilateral de ainda mais terras palestinas não pode levar à paz ou à justiça, mas apenas a maior injustiça”, escreveu o Conselho Mundial de Igrejas, estabelecido em 1948, com 350 entidades religiosas como membros, que abrangem até 500.000 fiéis.
Em coluna de repúdio à carta, o rabino holandês Binyomin Jacobs comparou as sanções legais contra as violações de Israel a séculos de hostilidade cristã contra os judeus. “Considerando a história, na qual as igrejas reiteradamente instruíram os judeus sobre o que podem ou não fazer, seria oportuno a estas mesmas igrejas que adotem cautela e humildade em relação a Israel”, advertiu o rabino, segundo o jornal Times of Israel.
O conselho de igrejas junta-se a uma rede de entidades europeias que também reivindicam sanções da União Europeia contra Israel. Em carta emitida a Josep Borrell, Alto Representante de Relações Exteriores do bloco europeu, a Coordenação Europeia de Comitês e Associações pela Palestina (ECCP) expressou preocupações sobre o projeto israelense de anexar novas terras na Cisjordânia ocupada, ao classificar tais ações como parte de um plano colonial em curso, de limpeza étnica e apartheid.
Nas últimas semanas, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu afirmou repetidamente que Israel deverá anexar cerca de 30% da Cisjordânia ocupada a partir de 1° de julho.
Em resposta ao anúncio, a Autoridade Palestina, com sede em Ramallah, Cisjordânia, declarou que não mais está vinculada a acordos prévios com Israel, incluindo referentes a segurança.
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