Cidadão libanês-colombiano em rota ao Irã é preso na costa da África Ocidental

Presidente da Venezuela Nicolás Maduro encontra-se com o Líder Supremo do Irã Ali Khamenei, durante visita em Teerã, Irã, 22 de outubro de 2016 [Gabinete de Imprensa do Líder Supremo/Agência Anadolu]

Um empresário colombiano de origem libanesa, supostamente em viagem para obter suprimentos médicos e alimentares para o governo da Venezuela de Nicolás Maduro, foi preso nas ilhas de Cabo Verde, na costa da África Ocidental.

Alex Nain Saab Moran, de 48 anos, foi detido no sábado (13) após seu jato privado, que partiu da Venezuela, pousar na ilha de Sal, arquipélago de Cabo Verde, para abastecer e prosseguir viagem ao Irã.

Saab foi o único passageiro removido da aeronave; aos outros viajantes foi permitido manter-se em rota à república islâmica, segundo informações da agência Reuters.

Emissoras de televisão locais registraram Saab sendo escoltado para fora do avião por dois policiais, sob algemas.

Segundo relatos, o empresário colombiano possui empresas em todo o mundo, incluindo Colômbia, Hong Kong, Turquia, Emirados Árabes Unidos, México, Panamá e Estados Unidos. Saab foi preso após a Interpol emitir alerta vermelho por sua procura.

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O magnata latino-americano é acusado de lavagem de dinheiro na Venezuela, por meio de suas empresas internacionais, e foi indiciado nos Estados Unidos em julho de 2019, sob acusações similares.

Acredita-se que Saab viajava ao Irã para garantir um acordo de compra de petróleo iraniano em troca de ouro da Venezuela, de modo a contornar as sanções americanas impostas a ambos os estados.

O empresário, ao lado do Ministro de Petróleo da Venezuela Tareck El Aissami (também de origem libanesa), ajudou a negociar o acordo com o Irã em maio, reportou a agência americana Bloomberg.

Sob o acordo, em vigor desde o último mês, o Irã enviou cinco petroleiros com um total de 1.5 milhões de barris de combustível à Venezuela.

As importações de petróleo pretendem compensar o embargo dos Estados Unidos sobre a Venezuela, que representa grave pressão ao país da América do Sul. A escassez de combustíveis resultou em filas de horas para abastecer veículos em postos de gasolina.

O governo americano de Donald Trump, que busca abertamente depor o regime de Maduro, ameaçou retaliar o acordo de petróleo Irã-Venezuela. Entretanto, segundo fontes da Reuters, Teerã planeja manter a remessa de petroleiros à Venezuela.

A reportagem mencionou um comerciante iraniano próximo ao acordo que relacionou a política a remessas à Síria, ao alegar que o movimento iraniano “representa uma decisão estratégica de longo-prazo feita pelo estado para expandir sua influência.”

De acordo com determinação de um corte local, promulgada no domingo (14), Saab pode ser mantido em Cabo Verde por 40 dias, à espera de extradição solicitada pelos Estados Unidos.

Saab deve resistir juridicamente a tentativas de extradição, após autoridades da Venezuela alegarem que viajava como “agente do estado”, com o propósito de assegurar suprimentos médicos e alimentares. O governo venezuelano classificou o caso como “detenção arbitrária”.

Maria Dominguez, advogada colombiana que opera em Miami, também negou qualquer delito e declarou que Saab trata-se de “empresário do ramo alimentício”.

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