Dentre as colinas áridas do Vale do Jordão, a artista palestina Khadeeja Bisharat pinta cenários de tratores e demolições, reflexo dos medos do que pode acometer sua comunidade beduína isolada, caso Israel de fato anexe terras na Cisjordânia ocupada.
As informações são da agência Reuters.
Cerca de 15.000 palestinos vivem nos pequenos acampamentos pastoris espalhados por todo o Vale do Jordão. Israel prometeu estender “soberania” ao território – em torno de 30% do território ocupado ilegalmente da Cisjordânia. Discussões do gabinete de governo israelense estão previstas para ter início em 1° de julho.
“Isso afeta nosso bem estar psicológico e o bem estar de nossas crianças … [Os israelenses] permitirão que os residentes permaneçam aqui? Demolirão suas casas?”, questiona Bisharat, 37 anos, em seu acampamento beduíno no norte do Vale do Jordão.
Bisharat afirma tentar expressar seus medos e incertezas por meio de suas pinturas. Dentre elas, uma aquarela representando mulheres reunidas ao redor de uma residência destruída, além de um cenário composto por um trator amarelo que se aproxima de uma cabana beduína.
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“Tento transmitir a mensagem de como a ocupação nos impacta, [imagens] das violações às quais somos submetidos”, relatou a artista palestina, mãe de três crianças.
Israel capturou a Cisjordânia durante a guerra de 1967. Um posto militar israelense, perto do assentamento judaico de Hamra, observa de cima a comunidade de Bishara, sobre o topo de uma colina próxima.
Bisharat relata sentir-se cercada, longe das áreas sob domínio da Autoridade Palestina. Sente também que as pequenas construções agrárias erguidas por sua comunidade estão exposta a iminente demolição israelense.
Israel alega falta de alvarás apropriados, ao emitir sucessivas ordens de demolição, nas partes da Cisjordânia onde prevalece o completo controle militar de Israel.
A organização de direitos humanos israelense Peace Now, que se opõe à política colonial de assentamentos, denuncia que a grande maioria das solicitações palestinas por alvarás de construção é sistematicamente negada por autoridades da ocupação..
Mahmoud, marido de Bisharat, reitera que sua comunidade será resiliente perante a anexação. “Mesmo que nos imponham a anexação, resistiremos com todos os meios possíveis.”
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