O Facebook anunciou ontem que proibirá a venda de artefatos históricos no website devido a um surto de postagens contendo antiguidades saqueadas durante a pandemia de covid-19.
Especialistas e ativistas que monitoram comércio ilícito e tráfico de antiguidades identificaram ao menos 200 grupos do Facebook cujo propósito é encontrar compradores do mercado negro e oferecer tutoriais de como escavar e contrabandear itens procurados.
Em resposta, a administração da rede social decidiu remover todo o conteúdo que “tente comprar, vender ou comercializar artefatos históricos”.
As informações são do jornal americano The New York Times.
Muitos dos itens originam-se do Oriente Médio, obtidos ilegalmente durante conflitos. Em 2019, uma investigação da rede britânica BBC descobriu que os itens ainda são contrabandeados do Iraque e da Síria, em direção à Turquia, apesar de medidas para coibir tais crimes e mesmo após a queda do “califado” do Daesh (Estado Islâmico).
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“O comércio ilícito de antiguidades no Facebook parece ter maior alcance no Oriente Médio e Norte da África; monitoramos hoje mais de 120 grupos da rede social desenvolvidos com o único propósito de atividades de saque e contrabando”, declarou o professor Amr Al-Azm da Universidade Estatal de Shawnee, em Ohio, Estados Unidos.
“O maior grupo que identificamos tinha aproximadamente 150.000 membros nesta época do ano passado – agora são mais de 437.000 membros”, relatou Al-Azm.
Embora a medida do Facebook seja bem recebida, contar apenas com denúncias de usuários e inteligência artificial não é o suficiente, argumenta o professor. Al-Azm critica a política do Facebook de deletar postagens que violam “padrões da comunidade”; ao contrário, deveria manter um arquivo digital de imagens que pode ser vital para garantir reparação de itens que apareçam no mercado negro.
Greg Mandel, gerente da política pública do Facebook, afirmou à BBC: “Artefatos históricos possuem grande valor cultural e pessoal às comunidades em todo o planeta; sua venda resulta em comportamento nocivo”.
Acredita-se que o comércio ilícito de artefatos roubados – uma das indústrias ilegais mais lucrativas, logo após a venda de armas e drogas, sob estimativa de bilhões de dólares – tenha prosperado devido à pandemia de coronavírus, além das altas taxas de desemprego e esvaziamento dos sítios arqueológicos.
A primavera – entre 20 de março e 21 de junho, no Hemisfério Norte – representaria a principal estação do ano para escavação de sítios arqueológicos no Oriente Médio e Norte da África.
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