Nesta quinta-feira (2), a Turquia deverá realizar julgamento in absentia dos suspeitos pelo assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, segundo Hatice Cengiz, noiva da vítima.
Khashoggi, que possuía relações com a família real saudita antes de tornar-se crítico do príncipe herdeiro Mohammed Bin Salman e de suas políticas, foi assassinado no Consulado da Arábia Saudita em Istambul, Turquia, em 2 de outubro de 2018. Na ocasião, compareceu ao local supostamente para obter documentos necessários a seu casamento.
A execução de Khashoggi atraiu indignação internacional. Uma investigação foi conduzida a seguir e revelou, por meio de registro de câmeras de segurança, que uma equipe de sicários sauditas foi empregada pelo próprio reino para preparar e executar o assassinato.
Registros de áudio supostamente revelaram ainda que o próprio príncipe herdeiro ordenou e orientou a operação via telefonema.
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Cerca de vinte suspeitos compunham a equipe de execução, incluindo oficiais sauditas de alto escalão, como o vice-chefe de inteligência Ahmed Al-Assiri e o chefe de imprensa da corte Saud Al-Qahtani. Evidências indicam que ambos lideraram a operação. Todos foram acusados de “assassinato deliberado e hediondo, causando sofrimento.”
O julgamento in absentia conduzido pela Turquia ocorre seis meses após a Arábia Saudita realizar seu próprio julgamento, que sentenciou cinco suspeitos à morte, mas libertou oficiais de destaque como Al-Qahtani e o cônsul saudita Mohammed Al-Otaibi.
A decisão da promotoria foi amplamente criticada e vista como encenação.
A Turquia requisitou então acesso aos arquivos do inquérito saudita. A Arábia Saudita, porém, negou o pedido, resultando do indiciamento feito pela promotoria do estado turco dos vinte suspeitos em questão, em março deste ano.
O julgamento de amanhã está previsto para começar às 10h do horário local (7h GMT; 4h do horário de Brasília), na corte principal de Istambul. Cengiz, noiva de Khashoggi, declarou que “estará lá”. Agnes Callamard, relatora especial da ONU para execuções sumárias, extrajudiciais ou arbitrárias, também deverá comparecer ao julgamento.
Caso condenados, os suspeitos do assassinato de Khashoggi enfrentarão pena perpétua.
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