Sites de monitoramento de tráfego aéreo reportaram a chegada de aviões de carga da Rússia e Síria em uma base aérea líbia operada pelos Emirados Árabes Unidos. Os relatos coincidem com acusações feitas pelo ex-enviado da ONU de que a organização internacional está sendo “hipócrita” ao lidar com a crise na Líbia.
Segundo informações da rede Al Jazeera divulgadas nesta quinta-feira (2), o website Radar Box reportou que um avião de carga Ilyushin 76, pertencente ao regime sírio, deixou Damasco na segunda-feira (29) em direção à Latakia, região síria na costa mediterrânea, e então ao Egito. Aparentemente, após chegar a Alexandria, deixou de ser monitorado por radares.
O website FlightAir, que também monitora o tráfego aéreo, compartilhou imagens da rota de voo da aeronave, após entrar no espaço aéreo egípcio. O avião em questão direcionou-se à base aérea de Khadem, na Líbia, sob gestão emiradense, que concede apoio às milícias do general renegado Khalifa Haftar. A mesma aeronave voltou a aparecer na terça-feira (30), a oeste de Alexandria, deixando o Egito para retornar à Síria.
O site também detectou caso semelhante de um avião de carga russo que partiu de Moscou em direção à base aérea de Hmeimim, na Latakia, Síria. A partir de então, também assumiu rota para o Egito e, em seguida, à Líbia. Embora o voo não tenha sido registrado após atravessar a fronteira líbia, indícios também apontam que seu destino fora a base de Khadem.
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Na quarta-feira (1°), o ex-enviado especial da ONU à Líbia Ghassan Salamé declarou em entrevista com o Centro de Diálogo Humanitário que a ONU demonstra “hipocrisia” ao lidar com a crise síria. Salamé destacou que a maioria dos membros do Conselho de Segurança da ONU de fato apoiou Haftar em seu ataque contra Trípoli, capital líbia, a partir de abril de 2019.
“No dia em que atacou Trípoli, Haftar recebeu apoio da maioria dos membros do Conselho de Segurança, enquanto estes eram criticados pela imprensa justamente por não serem capazes de dissuadí-lo”, destacou Salamé.
Oficialmente, a ONU apoia o Governo de União Nacional, com sede em Trípoli. Desde o último ano, Haftar tenta tomar a capital e depor o governo reconhecido internacionalmente.
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